São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

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Mulher lidera lista de ricos chineses com US$ 3,4 bi

Dona de empresa de embalagens é a "self made woman" com a maior fortuna do mundo

Lista dos 500 milionários traz 35 mulheres e 50 pessoas com menos de 40 anos; cerca de um terço é filiada ao Partido Comunista

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A pessoa mais rica da China é uma mulher de 49 anos, que fez sua fortuna de US$ 3,4 bilhões a partir da fabricação de embalagens com papel reciclável importado dos Estados Unidos. A cifra coloca Zhang Yin no topo da lista mundial de mulheres que enriqueceram a partir do zero, à frente da apresentadora Oprah Winfrey e da autora de "Harry Poter", JK Rowling.
A mais poderosa "self made woman" chinesa tem 72% de participação na Nine Dragons Paper, empresa fundada em 1985 que lançou ações na Bolsa de Hong Kong em março e teve seu valor de mercado multiplicado por nove desde então.
A valorização catapultou Zhang da 36ª posição para o topo da lista dos chineses mais ricos, acima de Huang Guangyu, dono da rede de varejo de produtos eletrônicos GoMe, líder do ranking em 2004 e em 2005.
Sua ascensão reflete a maior participação das mulheres na economia e na política chinesas, áreas ainda dominadas por homens. Dos 500 mais ricos, 35 são mulheres.

Retrato da China
Elaborada desde 1999 por Rupert Hoogewerf, a classificação das maiores fortunas da China é um retrato da rapidez das transformações do país e da emergência do setor privado. O número de bilionários tem dobrado a cada ano: eram 3 em 2004, 7 no ano seguinte e 13 no levantamento divulgado ontem na revista "Hurun Report", de Hoogewerf.
A primeira lista, de 1999, exigia fortuna mínima de US$ 6 milhões e trazia 50 nomes. A edição de 2006 tem 500 integrantes, com patrimônio mínimo de US$ 100 milhões.
Em média, os ricos chineses têm 48 anos e fundaram seus negócios em 1993, 15 anos depois do início do processo de reforma e abertura.
Os chineses da lista se diferenciam do restante do mundo por serem a primeira geração de milionários, que construíram suas fortunas a partir do zero em um país que só colocou o respeito à propriedade privada na Constituição em 2004. Dos 500, só 4 são herdeiros e 50 têm menos de 40 anos.
Na avaliação de Hoogewerf, cerca de um terço dos nomes da lista pertence ao Partido Comunista da China. Dos primeiros 100 colocados, 19 fazem parte do Congresso Nacional do Povo, 10 a mais que o registrado no ano anterior.
Outra característica é a concentração de fortunas em dois setores ligados à economia real: imobiliário (que inclui construção civil) e indústria, com 26% e 20%, respectivamente. O setor de Tecnologia da Informação, de onde sai um número crescente de bilionários norte-americanos, representa apenas 7% da lista chinesa.
"O processo de urbanização e a crescente renda das famílias continuam a ser os principais fatores de criação de riqueza na China", diz Hoogewerf. Dos 10 mais ricos da lista, 8 se dedicam total ou parcialmente ao setor imobiliário. Os enormes canteiros de obras são uma marca das grandes cidades chinesas, como Xangai e Pequim, que passam por uma transformação radical em conseqüência do crescimento econômico.
A indústria também tem papel de destaque no crescimento e nas exportações chinesas. Bens manufaturados representam 92% das vendas ao exterior, que, no ano passado, atingiram US$ 762 bilhões.
O valor médio da riqueza dos 500 milionários cresceu 48% em relação a 2005, para US$ 276 milhões. A soma das fortunas atingiu US$ 138 bilhões, o equivalente a 6% do PIB.
A China lidera o crescimento global há 27 anos, com expansão média de 9,6% ao ano. Mas a expansão é acompanhada do aprofundamento da desigualdade e das tensões sociais.


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