|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RECEITA ORTODOXA
Ministro contraria Palocci e diz que superávit não será maior
Mantega descarta "folga" de R$ 2,9 bi
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Planejamento,
Guido Mantega, disse ontem aos
senadores da Comissão de Infra-estrutura que não haverá uma
"folga" de R$ 2,9 bilhões no resultado primário (receitas menos
despesas, exceto juros) deste ano.
A declaração contraria o que foi
anunciado na semana passada
pelo Ministério da Fazenda.
Ao anunciar o novo acordo com
o FMI (Fundo Monetário Internacional), o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse que o
"excesso" de superávit do governo feito até setembro deste ano
seria "carregado" para 2004. Ou
seja, o governo usará essa sobra
para que Estados e municípios
possam gastar mais em saneamento básico no ano que vem.
Dessa forma, segundo a Fazenda, o governo aumentará um
pouco o superávit deste ano para
poder reduzir no mesmo montante o do ano que vem. Formalmente, a meta de 4,25% do PIB
(Produto Interno Bruto) continuaria vigorando na Lei de Diretrizes Orçamentárias. O secretário
do Tesouro Nacional, Joaquim
Levy, estimou a variação nas metas em 0,10% a 0,15% do PIB.
Ontem, Mantega disse que não
haverá sobras porque os ministérios costumam gastar mais no fim
do ano. "Não será feita uma economia de mais de 4,25%. No final
do ano nós não teremos esses R$
2,9 bilhões. Vamos gastar tudo",
afirmou o ministro.
Mantega ressaltou que o acordo
ainda não foi completamente definido. "Se eu entendi bem, o
acordo abre a possibilidade de um
superávit menor em 2004", disse.
E depois completou: "Na prática,
transformar [a meta de superávit]
em 4,15% do PIB".
Pelo entendimento de Mantega,
o novo acordo com o Fundo significará, portanto, a possibilidade
de uma redução efetiva da meta
de superávit de 2004 -condicionada aos gastos com saneamento- sem que haja compensação
com um esforço maior neste ano.
Fazenda
O Ministério da Fazenda não
quis comentar a versão de Mantega. Os técnicos dizem que é normal ter "excesso" de superávit e
que isso vai acontecer neste ano.
Em 2002, a folga foi de R$ 2 bilhões, e em 2001, de R$ 3,4 bilhões.
Mantega explicou ainda qual é a
dificuldade na negociação sobre a
exclusão dos investimentos das
empresas estatais do cálculo das
metas fiscais. Hoje, esses investimentos são tratados como despesas comuns, e existe uma flexibilização no caso da Petrobras.
De acordo com o ministro, para
retirar os investimentos do cálculo, seria necessário retirar outras
despesas, como os dividendos
que elas pagam ao governo. "Isso
tem que ser analisado com calma." Os dividendos aumentam a
receita do governo federal.
O senador César Borges (PFL-BA) criticou o governo por manter superávits altos em momentos
de baixa atividade econômica.
"Sempre fui contra e continuo
sendo contra [superávits altos],
mas tivemos que responder a
uma situação de emergência",
disse Mantega, lembrando a crise
do ano passado.
Texto Anterior: Funcionário que investiu R$ 1 leva R$ 100 mil Próximo Texto: Frase Índice
|