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IOF faz saída de dólares superar entrada
De 19 de outubro a 6 deste mês, fluxo cambial estava negativo em US$ 1,39 bi; período coincide com a cobrança de 2% do imposto
Inversão do fluxo no país está diretamente ligada ao menor volume de ingresso de moeda nas aplicações
em Bolsa e em renda fixa
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O fluxo cambial brasileiro ficou negativo na primeira semana do mês, após ter atingido o
segundo maior resultado da
história em outubro, de acordo
com dados do Banco Central.
A conta, que registra a entrada e a saída de dólares do país
nas operações comerciais e financeiras, não encerra um mês
em deficit desde março, quando os efeitos da crise ainda
eram fortemente sentidos.
Até o dia 6, o fluxo cambial
estava negativo em US$ 1,388
bilhão. Pela conta comercial, a
saída é de US$ 569 milhões. Pelo lado financeiro, o saldo é negativo em US$ 818 milhões.
A inversão do fluxo está diretamente ligada ao menor volume de ingresso de moeda estrangeira nas aplicações em
Bolsa e em renda fixa nas últimas três semanas, período que
coincide com a cobrança de 2%
de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre a entrada de capital externo.
A medida é um dos instrumentos adotados pela equipe
econômica do governo para
tentar conter a valorização do
real. Até o dia 19 de outubro,
quando a taxação foi anunciada
pelo ministro Guido Mantega
(Fazenda), a média diária de ingressos de divisas nessas operações naquele mês chegava a
US$ 2,137 bilhões. Mas, desde
então, o desempenho caiu quase pela metade, para US$ 1,279
bilhão por dia útil.
Para Homero Guizzo, economista da LCA Consultores, a taxação do IOF foi fundamental
para a queda do fluxo, pois dificilmente flutuação dessa magnitude ocorreria por um movimento normal do mercado. "As
entradas vinham crescendo
desde quando o pior da crise
passou. A queda agora é forte
demais para ser por acaso."
No entanto, segundo Guizzo,
outros fatores como o aumento
da aversão global ao risco também podem ter influenciado o
resultado. Além disso, afirma, o
efeito do IOF pode arrefecer
com o passar do tempo. "Ainda
é cedo para dizer se a taxação
será eficiente para mudar a dinâmica do fluxo."
Já o estrategista-sênior do
banco WestLB, Roberto Padovani, estima que a participação
do IOF na retração dos ingressos nessas operações foi pequena. Para ele, a acomodação dos
investidores é normal após um
intervalo de crescimento. "Enquanto o mercado realiza os lucros, os agentes seguem em um
período de cautela", explica.
Segundo Padovani, o peso do
IOF se restringe à parcela do
fluxo que foi redirecionada para a Bolsa de Nova York, onde
também são negociadas ações
de empresas brasileiras. Padovani diz que a taxação, por outro lado, elevou a percepção de
risco em relação ao Brasil.
"A tributação não é significativa para conter o fluxo, mas
afeta a imagem do país, que de
repente mudou as regras do jogo. Assim, o imposto até funciona, mas pela razão errada."
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