São Paulo, quinta-feira, 12 de novembro de 2009

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BC da China indica que vai permitir valorização do yuan

Sinalização ocorre às vésperas de viagem de Obama, que critica câmbio chinês

Cotação da moeda da China, mantida artificialmente baixa, facilita a exportação de produtos do país e dificulta a importação

DA REDAÇÃO

O governo chinês deu ontem o sinal mais claro nos últimos meses de que pretende deixar a moeda local, o yuan, voltar a se valorizar em relação ao dólar. O tema é acompanhado com muita atenção pelas principais economias globais, já que a cotação do yuan é mantida artificialmente baixa, facilitando a venda de produtos chineses no exterior (o país é o segundo maior exportador mundial) e dificultando a entrada de produtos em seu mercado.
Às vésperas da visita do presidente dos EUA, Barack Obama, ao país, o banco central chinês indicou que vai levar em consideração outras moedas, e não apenas o dólar, na orientação da taxa cambial. "Em referência aos fluxos internacionais de capital e às mudanças nas principais moedas, vamos melhorar o mecanismo de formação da cotação cambial do yuan", afirmou o BC.
Desde julho do ano passado, a moeda chinesa, na prática, voltou a estar atrelada ao dólar, em uma medida adotada por Pequim que visava proteger o setor exportador local dos impactos da crise global.
Com aquela medida, o governo reverteu a decisão de 2005, quando acabou com a política de câmbio fixo (o valor do yuan foi atrelado ao dólar por pouco mais de uma década), usando uma cesta de quatro moedas para administrar a taxa: dólar, euro, iene e won (divisa da Coreia do Sul). Nesse período de três anos, o yuan se valorizou em cerca de 20%.
O lastro em relação ao dólar ocorre em momento de forte depreciação da moeda americana, o que colabora ainda mais para as exportações chinesas -e também faz crescer as críticas contra essa política. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, na semana passada, às vésperas da reunião do G20 (das principais economias globais), que "é difícil viver em um mundo em que há câmbio flexível para alguns países e para outros não", em alusão à China.
E Obama, que estará no país asiático entre os dias 15 e 18, disse que a valorização do yuan será um dos assuntos que tratará com as autoridades chinesas. Os EUA são o principal importador da China, que, por sua vez, representa a maior fonte de deficit na balança comercial americana. Por isso, há vários anos Washington critica a política cambial chinesa.
E as pressões internacionais devem crescer ainda mais com os recentes resultados da economia chinesa. A produção industrial do país cresceu 16,1% em outubro em relação ao mesmo mês do ano passado, a maior alta desde março de 2008. Já as exportações (na comparação com o mesmo período) caíram 13,8%, a menor queda em dez meses nas vendas para o exterior.


Com agências internacionais


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