São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2000

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COMÉRCIO EXTERIOR

Na Cúpula do Mercosul, Machinea vai defender a antecipação do lançamento do bloco em um ano

Argentina quer criação da Alca em 2004

DE BUENOS AIRES

A Argentina manterá durante a Cúpula do Mercosul a posição em defesa da antecipação da criação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
As declarações dadas pelo ministro da Economia, José Luis Machinea, foram ratificadas ontem pela Chancelaria argentina.
Em entrevista a correspondentes brasileiros, Machinea afirmou que era favorável à antecipação em um ano da formação da Alca. Pelo calendário oficial, a zona que agregaria comercialmente 34 nações entraria em vigor em 2005.
""Não estou dizendo que a Argentina deva fazer como o Chile (que decidiu integrar-se ao Nafta, o acordo de livre comércio liderado pelos EUA). O que precisamos é acelerar os tempos de integração do Mercosul (bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) a outros blocos, em especial ao Nafta", defendeu Machinea.
A cúpula do Mercosul ocorrerá entre quinta e sexta-feira, em Florianópolis (SC). Além dos presidentes dos países-membros, devem estar presentes os respectivos ministros da Economia.
A grande apreensão da diplomacia brasileira é que a Argentina opte pelo mesmo caminho do Chile -então membro associado do Mercosul, o Chile preferiu estreitar seus entendimentos para negociar com o bloco formado pelos EUA, o México e o Canadá.
Em entrevista ao diário ""La Nación", Richard Fisher, segundo homem na hierarquia do escritório comercial dos EUA, classificou como ""infantil" a resistência do governo brasileiro em acelerar a formação da Alca.
Disse ainda que, a despeito das boas relações entre Brasil e Argentina, se ""o Brasil se apóia somente na Argentina e a Argentina somente no Brasil, acabam limitando suas ambições".
Haverá pelo menos um ponto de forte discussão entre Brasil e Argentina durante a Cúpula.
Machinea defende a redução em três pontos percentuais a partir do próximo ano da TEC (Tarifa Externa Comum). O governo brasileiro já afirmou que pode tratar do tema, mas que não é favorável à redução imediata.
Para o governo argentino, personificado por Machinea, antes do ingresso na Alca é necessário que os países do Mercosul aperfeiçoem seus instrumentos (órgãos) de defesa de competição (entre as empresas dos países-membros) e que haja maior controle na qualidade dos produtos fabricados no bloco.

Orçamento
O governo da Argentina tentará derrubar hoje na Câmara dos Deputados as mudanças no Orçamento de 2001 promovidas pelo Senado e que ameaçam as negociações com o FMI.
Durante a tarde de ontem, Machinea manteve reuniões com os blocos da Aliança, a base governista, do Ação pela República, partido do ex-ministro Domingo Cavallo, e com o Partido Justicialista (de oposição) para obter um acordo que permita devolver ao texto a forma original, como exige o Fundo para a liberação da ajuda financeira de US$ 31 bilhões.
Na quarta-feira, os senadores haviam aprovado o projeto, mas as alterações que fizeram ao analisarem em separado os artigos comprometem as metas de déficit fiscal para o próximo ano -daí a reação contrária do FMI.
Maioria no Senado, os justicialistas incluíram um adendo ao artigo que corta em 12% os salários do funcionalismo com rendimento acima de US$ 1.000. Esse adendo determina que se o governo arrecadar mais ou obtiver recursos de outras formas terá que devolver o desconto. (JOSÉ ALAN DIAS)





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