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EM TRANSE
Captação de US$ 175 mi pelo Bradesco, a maior feita bancos locais desde setembro, sinaliza melhora do cenário
Crédito externo começa a voltar ao país
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A captação de US$ 175 milhões
concluída ontem pelo Bradesco,
com a colocação de eurobônus no
exterior, sinalizou para o mercado que o fluxo de recursos começa a voltar ao país. "Com certeza, é
o começo da inversão da secura
do crédito internacional", diz José
Guilherme Lembi de Faria, diretor-executivo do banco.
Essa foi a maior operação feita
por bancos locais desde o final de
setembro, quando secou o financiamento externo, às vésperas do
segundo turno eleitoral.
O resultado da operação foi três
vezes e meia superior ao valor inicial pretendido pelo banco, de
US$ 50 milhões, e será destinado
ao financiamento do capital de giro de empresas locais. "Há duas
semanas não conseguiríamos
captar esse montante; o mercado
melhorou muito para o Brasil nos
últimos dez dias", diz Faria.
Para o presidente do ABN-Amro, Fábio Barbosa, "o fluxo [de investimentos] começa a voltar, não
é só uma "janela" temporária".
Antes do Bradesco, o banco Votorantim havia fechado, na segunda-feira, uma operação com eurobônus no valor de US$ 115 milhões. No último dia 26, o ING Barings do Brasil captou US$ 50 milhões também em eurobônus.
O ABN, segundo Barbosa, também "está testando o apetite do
mercado internacional" e prepara
uma captação de US$ 50 milhões.
"Parece que há demanda por papéis brasileiros com vencimentos
de seis a nove meses."
Cenário otimista
Executivos de importantes bancos ouvidos pela Folha acreditam
que a partir de janeiro o fluxo de
recursos externos para o país aumentará se não houver mudanças
nos cenários interno e externo. "A
aversão ao risco está caindo no
mundo todo, desde o final de setembro", diz Hugo Penteado, economista-chefe do ABN-Amro Asset Management.
O retorno dos financiamentos,
segundo Faria, também estaria
sendo estimulado pelo discurso
moderado do governo eleito e pela boa aceitação que estão tendo
no mercado os nomes que vêm
sendo cogitados para compor seu
ministério.
A volta de recursos estrangeiros
vale tanto para as captações de
bancos locais destinadas a financiar empresas brasileiras como
para o comércio exterior.
"De 35 bancos estrangeiros que
consultei, que não têm base no
país, metade está pedindo autorização às suas áreas de análise de
risco para voltar a financiar o comércio exterior brasileiro no próximo ano", diz Lúcio Moura, gerente-principal da divisão internacional do Lloyds TSB.
Segundo ele, os bancos estrangeiros ainda estão um pouco reticentes pois querem fechar seus
balanços com exposição pequena
no Brasil. Isso porque os acionistas e analistas internacionais não
vêem com bons olhos bancos
muito expostos nos mercados
emergentes, o que desvaloriza
suas ações em Bolsa. "Mas a partir
de janeiro esses bancos voltarão
ao mercado", diz Moura.
Os eurobônus emitidos pelos
bancos brasileiros nos últimos
dias foram adquiridos por investidores pessoas físicas. No caso do
Bradesco, 70% dos papéis foram
para as carteiras de "private banking" e 30% para fundos de renda
fixa, segundo Faria.
O banco pagará taxa de 6,75%
ao ano, que chegará a 6,81% devido ao desconto dado no valor dos
títulos. "É muito superior ao que
esses investidores conseguem lá
fora, em torno de 1% ao ano", diz
Moura.
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