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São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

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Crítica ao câmbio chinês é rebatida por Greenspan

DA REDAÇÃO

O presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), Alan Greenspan, criticou ontem o que classificou de "sabedoria convencional", segundo a qual a valorização da moeda chinesa ajudaria a indústria americana. Para Greenspan, ainda que a alta do yuan seja necessária, isso não criaria empregos nos EUA.
"Essa história sobre comércio e empregos, na minha opinião, é um pouco mais complexa, especialmente com relação à China, do que essa espécie de sabedoria convencional levaria alguém a acreditar", disse Greenspan.
O presidente do Fed fez os comentários em uma conferência em Dallas (Texas). Greenspan questionou algumas das posições defendidas recentemente pela indústria norte-americana e pelo governo George W. Bush.
"A valorização do yuan provavelmente teria pouco, se algum, efeito no emprego agregado nos EUA", disse Greenspan. "Mas uma moeda chinesa desalinhada, se esse é o caso, teria efeitos adversos no mercado financeiro mundial e, assim, na produção e no emprego nos EUA."
A China mantém sua moeda, o yuan, em regime de paridade com o dólar há cerca de dez anos. De acordo com industriais americanos, o yuan estaria desvalorizado em até 40%, o que favoreceria as exportações do país, custando, assim, empregos nos EUA.
Os EUA têm um colossal déficit comercial com a China, que deverá chegar a US$ 120 bilhões neste ano. No ano passado, a conta já havia sido favorável em US$ 103 bilhões para os chineses.
Apesar da recuperação americana, a indústria segue em marcha lenta e cria poucos empregos. Na verdade, a manufatura acumula 40 meses seguidos de fechamento de vagas.
Empresários pressionam o governo para que sejam adotadas barreiras comerciais, como a imposição de cotas. Pedem ainda que a China deixe o yuan flutuar.
Na opinião de Greenspan, a história não seria tão simples assim. O presidente do Fed disse que, caso a China valorizasse o yuan, provavelmente os EUA continuariam importando de outros países, sem impacto na criação de vagas em território americano.
Greenspan também voltou a criticar o crescente sentimento protecionista nos EUA, como já havia feito no mês passado.
"Se cedermos a essa nostalgia e nos fecharmos a industrializados importados, passando a produzi-los nós mesmos, nosso padrão de vida cairá", disse. "As consequências de caminhar nessa direção, em um mundo financeiro muito mais globalizado, poderiam ser desestabilizadoras."
Mas, para Greenspan, as excessivas compras de dólares feitas pela China poderão superaquecer (e desestabilizar) a economia do país, por causa da ampliação da base monetária.
EUA e China marcaram uma reunião, para o mês que vem, em que discutirão a questão cambial.


Com agências internacionais

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