São Paulo, quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

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Rio e SP seguram avanço do país, diz estudo

Economia cresceu 20,3%, mas PIB das regiões metropolitanas das duas cidades encolheu de 1996 a 2004

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Enquanto o Brasil crescia -ainda que lentamente-, as regiões metropolitanas do Rio e de São Paulo viram seu PIB (Produto Interno Bruto) encolher entre 1996 e 2004.
O dado foi apresentado ontem pelo economista André Urani, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, no seminário "A Megalópole-Campos-Juiz de Fora-Campinas", que discutiu na Associação Comercial do Rio de Janeiro o futuro das duas maiores metrópoles brasileiras.
No período comparado, a economia brasileira cresceu 20,3%. Entre os municípios da região metropolitana de São Paulo, em vez de aumento, o que foi verificado de 1996 a 2004 foi uma queda de 5,4% no PIB. O resultado da região metropolitana do Rio de Janeiro foi pior ainda: variação negativa de 16,7%.
Para Urani, os dados evidenciam mais uma vez que as duas maiores metrópoles brasileiras, em vez de estarem contribuindo para o crescimento do país (como no passado), têm atuado como freio do desenvolvimento.
O economista cita como razões para essa crise a migração de indústrias para outras regiões, o aumento do desemprego e da informalidade, a manutenção da desigualdade em patamares altos, o empobrecimento da classe média e o aumento dos custos de empresas da região com salários, segurança e logística.

Serviços
Para o economista, um dos agravantes disso é que o setor de serviços, que muitos apostam ser a vocação das metrópoles no futuro, não está compensando a diminuição de outra atividades econômicas e, pior, até contribuiu no período para diminuir o peso do Rio de Janeiro e de São Paulo na economia brasileira.
O resultado das duas principais regiões metropolitanas só não foi mais grave para os Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo porque ele foi, em parte, compensado pelo crescimento das regiões ao redor delas.
De 1996 a 2004, foi registrado um crescimento de 87% na economia das regiões ao redor dessas duas grandes metrópoles, que inclui áreas como o Vale do Paraíba, o Norte Fluminense, a Costa Verde, a Baixada Santista e Jundiaí e Campinas.
Urani já havia apresentado, em outros seminários, estudos que mostravam que as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo não estavam acompanhando o restante do país na melhoria de alguns indicadores. Foi o caso, por exemplo, dos indicadores de desigualdade e de renda média per capita.
No caso da desigualdade, enquanto o Brasil verificou ligeira melhora de 1995 a 2006, as regiões metropolitanas de Rio de Janeiro e de São Paulo permaneceram no mesmo patamar. No que diz respeito à renda média per capita, São Paulo registrou queda de 6% no mesmo período, enquanto o Rio de Janeiro teve crescimento de 10%, e o Brasil, de 13%.

Grande megalópole
No seminário de ontem, Urani defendeu a discussão de soluções que levem em conta que as duas grandes metrópoles estão cada vez mais integradas, formando com outras regiões ao seu redor uma grande megalópole que se estende de Campos, no Norte Fluminense, a Campinas e que abrangeria até a Zona da Mata mineira.
Juntas, todas essas regiões teriam uma população de 42 milhões de habitantes (23% do total do Brasil) e representariam 35% do PIB brasileiro, o que daria aproximadamente R$ 420 bilhões em 2004.


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