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Rio e SP seguram avanço do país, diz estudo
Economia cresceu 20,3%, mas PIB das regiões metropolitanas das duas cidades encolheu de 1996 a 2004
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Enquanto o Brasil crescia
-ainda que lentamente-, as
regiões metropolitanas do Rio
e de São Paulo viram seu PIB
(Produto Interno Bruto) encolher entre 1996 e 2004.
O dado foi apresentado ontem pelo economista André
Urani, do Instituto de Estudos
do Trabalho e Sociedade, no seminário "A Megalópole-Campos-Juiz de Fora-Campinas",
que discutiu na Associação Comercial do Rio de Janeiro o futuro das duas maiores metrópoles brasileiras.
No período comparado, a
economia brasileira cresceu
20,3%. Entre os municípios da
região metropolitana de São
Paulo, em vez de aumento, o
que foi verificado de 1996 a
2004 foi uma queda de 5,4% no
PIB. O resultado da região metropolitana do Rio de Janeiro
foi pior ainda: variação negativa de 16,7%.
Para Urani, os dados evidenciam mais uma vez que as duas
maiores metrópoles brasileiras, em vez de estarem contribuindo para o crescimento do
país (como no passado), têm
atuado como freio do desenvolvimento.
O economista cita como razões para essa crise a migração
de indústrias para outras regiões, o aumento do desemprego e da informalidade, a manutenção da desigualdade em patamares altos, o empobrecimento da classe média e o aumento dos custos de empresas
da região com salários, segurança e logística.
Serviços
Para o economista, um dos
agravantes disso é que o setor
de serviços, que muitos apostam ser a vocação das metrópoles no futuro, não está compensando a diminuição de outra
atividades econômicas e, pior,
até contribuiu no período para
diminuir o peso do Rio de Janeiro e de São Paulo na economia brasileira.
O resultado das duas principais regiões metropolitanas só
não foi mais grave para os Estados do Rio de Janeiro e de São
Paulo porque ele foi, em parte,
compensado pelo crescimento
das regiões ao redor delas.
De 1996 a 2004, foi registrado um crescimento de 87% na
economia das regiões ao redor
dessas duas grandes metrópoles, que inclui áreas como o Vale do Paraíba, o Norte Fluminense, a Costa Verde, a Baixada
Santista e Jundiaí e Campinas.
Urani já havia apresentado,
em outros seminários, estudos
que mostravam que as regiões
metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo não estavam acompanhando o restante
do país na melhoria de alguns
indicadores. Foi o caso, por
exemplo, dos indicadores de
desigualdade e de renda média
per capita.
No caso da desigualdade, enquanto o Brasil verificou ligeira
melhora de 1995 a 2006, as regiões metropolitanas de Rio de
Janeiro e de São Paulo permaneceram no mesmo patamar.
No que diz respeito à renda média per capita, São Paulo registrou queda de 6% no mesmo
período, enquanto o Rio de Janeiro teve crescimento de 10%,
e o Brasil, de 13%.
Grande megalópole
No seminário de ontem, Urani defendeu a discussão de soluções que levem em conta que
as duas grandes metrópoles estão cada vez mais integradas,
formando com outras regiões
ao seu redor uma grande megalópole que se estende de Campos, no Norte Fluminense, a
Campinas e que abrangeria até
a Zona da Mata mineira.
Juntas, todas essas regiões
teriam uma população de 42
milhões de habitantes (23% do
total do Brasil) e representariam 35% do PIB brasileiro, o
que daria aproximadamente
R$ 420 bilhões em 2004.
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