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foco
Governo lança campanha para valorizar imagem de produtos "made in China"
DE PEQUIM
Comerciais de 30 segundos
na CNN americana, europeia e
asiática tentam lustrar o prestígio do "made in China", em
campanha patrocinada pelo
Ministério do Comércio local
e associações empresariais.
Na propaganda, aparelhos
de MP3 aparecem com selos
de "made in China, com software do Vale do Silício", e roupas modernas, com etiquetas
"made in China com designers
franceses". Ao final dos comerciais em inglês, uma voz
com sotaque americano diz
"Quando é "made in China",
significa "feito pelo mundo".
Segundo o jornal estatal
"China Daily", o marketing visa promover "os produtos chineses de forma justa e objetiva" e dizer aos consumidores
estrangeiros que "as empresas
chinesas trabalham com parceiras estrangeiras para fazer
produtos de qualidade".
Em uma cena, um corredor
amarra o cordão do tênis. Nele, o selo "made in China, com
tecnologia esportiva americana". Ocidentais aparecem correndo, comendo, dançando e
fazendo um editorial de moda. Uma cena mostra a visão, a
partir de uma janela de avião,
com o selo "made in China,
com engenheiros de todo o
mundo". Em outra, uma geladeira tem a etiqueta "made in
China com estilo europeu".
A propaganda é considerada a primeira em escala global
patrocinada pelo governo e
surge quando o número de
processos antidumping contra a China cresce na Organização Mundial do Comércio.
A multinacional de publicidade americana DDB é a responsável pela propaganda, em
que não aparece nenhum chinês. A agência foi contratada
em setembro de 2008, dias
depois da revelação de que leite infantil das 20 maiores fábricas de laticínios do país era
contaminado com melamina
para disfarçar o excesso de
água e a falta de proteína.
A realização da campanha
foi adiada. Estima-se que 300
mil crianças de até um ano desenvolveram pedras nos rins
por causa do leite adulterado.
Mais de 50 morreram. Por
três meses o caso foi acobertado, justamente às vésperas
da Olimpíada de Pequim.
Nos últimos dois anos, vários produtos made in China
se revelaram tóxicos, de cremes dentais a rações para cachorros, de bonecas que sofreram um recall milionário a
revestimentos de parede.
Publicitários em Pequim
ouvidos pela Folha e que pediram anonimato elogiaram a
iniciativa do governo por "valorizar a opinião pública e
confiar em especialistas",
mas dizem que a campanha
pode ter um efeito bumerangue, por lembrar a má qualidade e os escândalos associados ao made in China.
(RJL)
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