São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 2009

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Governo lança campanha para valorizar imagem de produtos "made in China"

DE PEQUIM

Comerciais de 30 segundos na CNN americana, europeia e asiática tentam lustrar o prestígio do "made in China", em campanha patrocinada pelo Ministério do Comércio local e associações empresariais.
Na propaganda, aparelhos de MP3 aparecem com selos de "made in China, com software do Vale do Silício", e roupas modernas, com etiquetas "made in China com designers franceses". Ao final dos comerciais em inglês, uma voz com sotaque americano diz "Quando é "made in China", significa "feito pelo mundo".
Segundo o jornal estatal "China Daily", o marketing visa promover "os produtos chineses de forma justa e objetiva" e dizer aos consumidores estrangeiros que "as empresas chinesas trabalham com parceiras estrangeiras para fazer produtos de qualidade".
Em uma cena, um corredor amarra o cordão do tênis. Nele, o selo "made in China, com tecnologia esportiva americana". Ocidentais aparecem correndo, comendo, dançando e fazendo um editorial de moda. Uma cena mostra a visão, a partir de uma janela de avião, com o selo "made in China, com engenheiros de todo o mundo". Em outra, uma geladeira tem a etiqueta "made in China com estilo europeu".
A propaganda é considerada a primeira em escala global patrocinada pelo governo e surge quando o número de processos antidumping contra a China cresce na Organização Mundial do Comércio.
A multinacional de publicidade americana DDB é a responsável pela propaganda, em que não aparece nenhum chinês. A agência foi contratada em setembro de 2008, dias depois da revelação de que leite infantil das 20 maiores fábricas de laticínios do país era contaminado com melamina para disfarçar o excesso de água e a falta de proteína.
A realização da campanha foi adiada. Estima-se que 300 mil crianças de até um ano desenvolveram pedras nos rins por causa do leite adulterado. Mais de 50 morreram. Por três meses o caso foi acobertado, justamente às vésperas da Olimpíada de Pequim.
Nos últimos dois anos, vários produtos made in China se revelaram tóxicos, de cremes dentais a rações para cachorros, de bonecas que sofreram um recall milionário a revestimentos de parede.
Publicitários em Pequim ouvidos pela Folha e que pediram anonimato elogiaram a iniciativa do governo por "valorizar a opinião pública e confiar em especialistas", mas dizem que a campanha pode ter um efeito bumerangue, por lembrar a má qualidade e os escândalos associados ao made in China. (RJL)


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