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BELEZA BRASILEIRA
Pesquisa do setor revela aumento do uso de cosméticos por homens e mulheres e aumento do mercado de trabalho
Vaidade move indústria que cresce 5% ao ano
TALITA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
A vaidade do brasileiro aquece a
indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, setor que
cresceu em média 5% ao ano nos
últimos dez anos. O faturamento
do setor, em 2004, foi de 6,5% do
total obtido pela indústria química, cerca de US$ 3,9 bilhões. O
Brasil é considerado hoje o quinto
maior mercado de cosméticos do
mundo.
A expansão do mercado se deve
-segundo a pesquisa "O impacto socioeconômico da Beleza
1995-2004", da UFF (Universidade Federal Fluminense)- à
maior presença da mulher no
mercado de trabalho e à beleza ter
se tornado uma variável econômica: é fator de discriminação no
mercado de trabalho. A partir da
década de 1980, segundo a pesquisa, a aparência física passou a ser
um fator importante e influir até
nos salários das pessoas.
Pesquisa realizada nos EUA e
no Canadá, no início dos anos
1990, concluiu que as pessoas que
cuidam da aparência ganham entre 5% e 10% a mais do que os que
não têm boa aparência. Segundo a
coordenadora da pesquisa da
UFF (feita para a Associação Brasileira da Indústria de Higiene
Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), Ruth Dweck, no Brasil a média é semelhante.
"A inserção da mulher no mercado de trabalho, a partir da década de 1970, e o aumento do poder
aquisitivo delas faz com que o
mercado da beleza cresça. Agora,
também os homens estão dando
importância à aparência física para galgar posições melhores no
mercado de trabalho", afirma.
Além disso, o medo de parecer
velho, agregado à longevidade da
população, não é mais uma preocupação só das mulheres. A moda, como não poderia deixar de
ser, também é fator explicativo
para o bom desempenho das atividades relativas à beleza.
A preocupação com a beleza
tem impulsionado ainda o setor
de serviços, com a sofisticação
dos salões e clínicas de estética e o
quase desaparecimento das barbearias, com seus serviços mais
simples, baseados apenas no corte
de cabelos.
"Hoje, os homens procuram os
salões para terem cortes personalizados. Não é mais: passar a navalha e cortar o cabelo. Agora, a
gente analisa qual o corte se adapta mais ao formato de rosto dele.
Eles também não usam mais gel
no cabelo e preferem os finalizantes, como mousse e pastas de finalização", disse o cabeleireiro
Eduardo Castro, 42.
Entre os homens, o público alvo
das atividades de beleza, segundo
a pesquisa, estão na faixa entre 25
e 34 anos, com alto poder aquisitivos e que consomem cerca de 17
produtos de beleza regularmente.
A faixa etária das mulheres é de 35
a 54 anos. Os produtos mais vendidos são cosméticos, principalmente os produtos para cabelos:
tinturas, alisantes, fixadores e
modeladores.
De acordo com a pesquisa, o setor atribui o aumento do consumo de cosméticos e serviços de
beleza à maior produtividade e
utilização de novas técnicas.
Há também um estímulo ao incremento da produção das indústrias farmacêuticas e de material
elétrico, como secadores de cabelo menores e mais leves, que permitem maior liberdade de movimento aos profissionais de beleza.
Com o crescimento do mercado, mudou um pouco a estrutura
de emprego para os profissionais
da beleza. Dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios) de 2003 mostra que
há 1.042.748 pessoas nas funções
de profissionais de higiene pessoal no Brasil.
Entre cabeleireiros, manicures,
massagistas e outros profissionais, o que mais aumentou foi o
número de "técnico esportista",
ou "personal trainner": subiu
2.300%. Há dez anos no mercado,
Tércio Martin, 39, percebe a mudança. "No início, eu tinha um ou
dois alunos, agora chego a ter dez.
Mas como é um serviço caro, é o
primeiro a ser cortado quando o
orçamento do aluno aperta."
Ele disse perceber que os alunos
não buscam saúde quando vão se
exercitar. "As pessoas pensam na
estética, não pensam na saúde.
Elas estão preocupados com o
que vão mostrar na praia. A febre
do personal aqui no Rio é maior
do que em São Paulo, por exemplo, porque a cobrança pelo corpo
bonito é maior", disse.
O mercado da beleza ainda emprega mais mulheres (cerca de
80% dos trabalhadores) que homens e, como de praxe em quase
todas as profissões, eles ganham
mais. Devido à pouca qualificação
exigida, a maior parte (30%) dos
empregados no setor ganha entre
1 e 4 salários mínimos.
A média salarial de homens que
terminaram o ensino fundamental é de 3,3 mínimos, enquanto a
das mulheres com o mesmo nível
de escolaridade é de 2,6 mínimos.
Com a sofisticação dos serviços,
vem crescendo o número de profissionais com nível universitário.
Em 2001, 10% dos empregados
haviam concluído o terceiro grau.
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