São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2000


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LICENCIADOS
Produtos com as marcas Angélica, Eliana, Gugu e Sandy e Júnior movimentam R$ 250 mi por ano

Famosos dão vida nova a empresas

JULIO WIZIACK
FÁTIMA FERNANDES


Lalo de Almeida
Luiz Roseghini, diretor da Baby Brink, que faz bonecas de famosos e dobrou faturamento em 4 anos.


da Reportagem Local

O comércio de produtos com a marca de gente famosa deu vida nova a um grupo de pequenas e médias empresas. Sem perspectivas de expansão, elas decidiram estampar a imagem de artistas em suas linhas. Se deram bem. Algumas conseguiram dobrar a receita e outras até saíram do buraco.
A "tábua de salvação" dessas companhias é um time de 20 artistas que giram cerca de R$ 400 milhões por ano. Os cinco campeões (Angélica, Eliana, Gugu, Sandy e Júnior e Hebe Camargo) respondem por R$ 250 milhões, mais da metade desse mercado.
Uma das primeiras empresas a sair do vermelho devido ao licenciamento foi a Grow, que comercializa basicamente jogos educativos. A empresa estava à beira da falência em janeiro de 1992, quando licenciou o primeiro produto do apresentador Gugu Liberato.
Conseguiu sair do buraco dois anos depois. Pagou credores e hoje fatura cerca de R$ 25 milhões por ano, duas vezes mais do que em 92. Desse total, 60% vêm da venda de produtos do Gugu e da Eliana, carros-chefes da empresa.
A popularidade da apresentadora Angélica levou a Avamiller, fabricante de cosméticos, a desbancar a Colorama, uma das grandes do setor. Com a linha de esmaltes da Angélica, a Avamiller chegou a comercializar 1 milhão de unidades por mês. O desempenho consolidou também a linha própria da companhia, a Impala.
O contrato com Angélica expirou e a empresa já está de olho em outras artistas. Os nomes ainda estão sob sigilo. A Folha apurou que os famosos mais cotados são "A Feiticeira" e Sabrina.
Angélica também ajudou a inflar o faturamento da Baby Brink. Especializada em bonecas, a empresa dobrou o faturamento em quatro anos, para R$ 20 milhões. Em um ano, a boneca da apresentadora elevou as vendas em 40%.
O sucesso dos licenciados despertou o interesse de outros empresários que entraram no mercado só para trabalhar com personalidades. É o caso da Boituva, fabricante de refrigerantes.
Criada há sete meses, a empresa prevê a venda de 7,5 milhões de garrafas por mês, a partir de março, com as marcas Sandy e Júnior, Eliana e Gugu. Se abrisse mão das estrelas, a distribuição da Boituva ficaria limitada a 3 milhões de garrafas por mês com marcas da própria casa, calcula Maurício Gobbis Oseas, diretor comercial da empresa.
Segundo ele, o lucro gerado com a venda das marcas próprias é de 4% sobre a receita, enquanto o dos licenciados chega a 7%. "E os produtos são iguais. O que muda é a embalagem e o preço. O licenciado é 35% mais caro."
Quando um produto traz a assinatura de um famoso, deixa de concorrer nas lojas com similares que têm como atrativo apenas o nome do fabricante.
"O apelo do artista é mais forte na hora da compra", diz Marcos Saraiva, dono da Marcas, empresa que negocia contratos entre os astros e os fabricantes. "É por conta disso que o fabricante pode melhorar o preço e aumentar sua margem de lucro."
Especialistas do mercado afirmam que esse é o segredo do negócio. Pequenas e médias empresas não têm a estrutura de grandes companhias, que investem milhões de reais para consolidar a marca de um produto.
"A saída para os pequenos é usar a imagem de uma estrela para chamar a atenção das mercadorias nos pontos-de-venda", diz Carlos Takeo Tomita, dono da licenciadora Alien. "É a maneira mais rápida e barata de diferenciar um produto na loja", complementa Marcos Saraiva.


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