São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

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TENSÃO PRÉ-COPOM

Federação das indústrias condiciona geração maior de empregos à retomada da trajetória de redução da Selic

Fiesp pressiona por queda agressiva dos juros

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) defendeu ontem um corte de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros da economia, a Selic, na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que acontece na semana que vem.
De acordo com o diretor do departamento de pesquisas e estudos econômicos da federação, Cláudio Vaz, a situação pede um corte "dois em um", como uma forma de compensar a manutenção dos juros básicos em 16,5% ao ano pelo BC no mês passado.
"Há espaço para isso sem nenhum risco. No começo de janeiro, os índices de inflação trouxeram preocupação, mas os números divulgados agora mostram que a alta nos preços foi sazonal e já se esgotou", afirmou.
Segundo Vaz, a queda da taxa de juros é fundamental para uma geração mais expressiva de empregos, que depende da recuperação da atividade econômica no mercado interno.
De acordo com o diretor da Fiesp, a expectativa da instituição para a geração de empregos neste ano varia de "15 mil a 35 mil".
"As exportações devem garantir de 15 mil a 20 mil vagas neste ano. Se o mercado interno reagir bem e houver injeção de crédito, podem ser criados de 30 mil a 35 mil empregos", disse.
Segundo Vaz, que concorre à presidência da Fiesp neste ano, a criação de 15 mil novas vagas neste ano representaria um crescimento de 1% ante 2003; de 35 mil, uma alta de 2,25%.

Corte ridículo
Questionado sobre a possibilidade de redução de 0,25 ponto percentual nos juros básicos na próxima reunião, Vaz afirmou que seria um corte "ridículo".
Ele ressaltou, entretanto, que a declaração do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, de que a expectativa do governo é a de uma taxa de juros básica entre 11% e 12% no final deste ano é um indicador favorável.
"Esperamos que o Copom mostre na próxima reunião de uma forma prática que caminhamos nessa direção. As condições para uma queda na Selic estão dadas", disse. "Nosso objetivo é que o governo teste limites com responsabilidade", completou.
Na reunião do mês passado, quando o Banco Central manteve a taxa Selic inalterada, após sete cortes sucessivos, as entidades empresariais manifestaram desapontamento.
Na ocasião, o presidente da Fiesp, Horacio Lafer Piva, divulgou nota na qual disse que a medida deveria ter um efeito "contracionista". Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), a decisão "colocou em dúvida a retomada do crescimento".


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