|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONCORRÊNCIA
Recurso será apresentado ao Cade; senador diz ter assinaturas para CPI
Ministério Público contesta julgamento do caso Garoto
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As pressões para o Cade (Conselho Administrativo de Defesa
da Concorrência) rever a decisão
que vetou a compra da Chocolates Garoto pela Nestlé aumentaram. Ontem, o subprocurador-geral da República Moacir Guimarães Morais Filho disse que
contestará no conselho o resultado do julgamento.
Nos próximos dias, ele entrará
no Cade com um embargo de declaração para esclarecer a decisão.
Esse mecanismo jurídico é utilizado quando há obscuridade, omissão ou contradição no voto ou na
decisão em si, segundo a resolução 26/02 do Cade.
Enquanto o conselho estiver
analisando o recurso, a determinação para que a Nestlé venda a
Garoto fica suspensa. "Na prática,
o relator poderá esclarecer de que
modo a decisão vai ser executada.
Isso poderá diminuir os efeitos
que possam ser negativos, assim
como também esclarecer pontos
contraditórios e talvez até retificar
em algum ponto a decisão", declarou Morais Filho.
O subprocurador-geral anunciou sua intenção de entrar com
recurso à bancada de parlamentares do Espírito Santo, que esteve
ontem reunida com os conselheiros do Cade. "Sou contra o entendimento do Cade", disse.
O anúncio do subprocurador-geral será mais um elemento para
elevar a temperatura no episódio
de desconstituição da Nestlé/Garoto. No próprio conselho, há divisão. Enquanto o presidente da
autarquia, João Grandino Rodas,
classifica de inconstitucional a decisão, os demais conselheiros defendem sua posição de vetar a
operação. Grandino foi o único a
aprovar, com restrições, a fusão.
O senador Magno Malta (PL-ES) afirmou ontem que já tem 31
assinaturas das 27 necessárias para pedir a abertura de uma CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) da Nestlé/Garoto.
Além disso, Malta pretende obter o apoio do seu partido para entrar no STF (Supremo Tribunal
Federal) com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade)
contra a decisão. "O presidente do
Cade disse que a decisão extrapolou os limites do conselho", justificou o senador.
Ministério Público
Desde o final de 2002, o Ministério Público Federal passou a emitir pareceres sobre os atos de concentração analisados pelos órgãos
de defesa da concorrência. A Lei
de Defesa da Concorrência prevê
a participação do Ministério Público nas análises.
O parecer apresentado pelo Ministério Público no caso Nestlé/
Garoto diz que a fusão poderia ser
aprovada pelo Cade, mas com
restrições para evitar a alta concentração de mercado. "Se a decisão do Cade afetar a coletividade,
ainda posso pedir a um colega de
outra instância que entre no Judiciário contra o julgamento", disse
o subprocurador-geral.
Morais Filho tem um prazo de
até dez dias para encaminhar a
contestação ao conselho a partir
da data de publicação do acórdão
com a decisão no "Diário Oficial"
da União, o que está previsto para
os próximos dias.
O embargo será recebido pelo
relator do caso, conselheiro
Thompson Andrade, que pedirá
então à Procuradoria do Cade que
emita um parecer sobre o assunto. O embargo de declaração ainda será julgado pelo plenário do
conselho. Se acatado, os pontos
levantados deverão ser avaliados.
Além do Ministério Público, a
Nestlé já informou que deverá entrar com pedido de reapreciação
do caso pelo Cade. O governo do
Estado do Espírito Santo já avisou
que acionará o Judiciário contra o
resultado do julgamento.
Texto Anterior: Carregamento inflamável: Combustível suspeito é apreendido Próximo Texto: Frase Índice
|