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VIZINHO EM CRISE
Fundo não aprovará acordo se país não pagar dívida de US$ 3 bi
FMI pode não renovar com Argentina
DE WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário Internacional) informou ontem que
não aprovará a revisão do atual
acordo com a Argentina caso o
presidente argentino, Néstor
Kirchner, cumpra a ameaça de
não pagar um empréstimo de
US$ 3 bilhões com o Fundo que
vence no dia 9 de março.
"Para deixar claro, o Fundo não
pode aprovar nenhuma revisão se
houver o caso de um pagamento
de empréstimo que não tenha sido feito na data acertada", afirmou o porta-voz do FMI, Thomas
Dawson. Uma missão do FMI deve visitar a Argentina na semana
que vem, e o Fundo prevê que a
segunda revisão do acordo possa
demorar "mais algumas semanas" para ser aprovada.
Os procedimentos para a revisão poderiam, nesse caso, exceder
a data de 9 de março, quando vence a parcela de US$ 3 bilhões.
"As datas para pagamentos funcionam de maneira independente
das [datas] do procedimento para
a revisão do acordo. E essas datas
[para os pagamentos] são muito
bem conhecidas. As duas coisas
devem funcionar de maneira independente", afirmou Dawson.
O atual programa entre FMI e
Argentina prevê empréstimos de
US$ 12,5 bilhões, dos quais uma
parcela de US$ 330 milhões já foi
liberada no início de janeiro.
Antes do fechamento do atual
acordo, a Argentina chegou a
atrasar por dois dias o pagamento
de uma dívida que tinha com o
Fundo. "Foi lamentável, mas voltamos aos trilhos", disse Dawson.
O porta-voz do FMI disse, no
entanto, que a Argentina e o Fundo "têm todas as condições" para
continuar o atual programa. "O
processo está todo bem encaminhado", afirmou.
Questionado se o Fundo faria
novas exigências ao país na atual
revisão, Dawson afirmou que não
há "um cardápio" pronto.
Desde o anúncio do atual acordo, em setembro de 2003, o FMI
vem cobrando da Argentina regras mais claras para reajustes de
tarifas de empresas de serviços
públicos no país e reestruturação
do sistema bancário.
O FMI também exigiu que a Argentina apressasse a negociação
com seus credores -o país declarou, há dois anos, moratória de
sua dívida de US$ 88 bilhões.
Ontem, Dawson afirmou que o
Fundo vem "monitorando, com
contatos regulares com bancos",
o rumo das negociações. A Argentina sugeriu pagar apenas 25%
do que deve, algo considerado
inaceitável pela maioria dos credores.
(FERNANDO CANZIAN)
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