São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

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VIZINHO EM CRISE

Fundo não aprovará acordo se país não pagar dívida de US$ 3 bi

FMI pode não renovar com Argentina

DE WASHINGTON

O FMI (Fundo Monetário Internacional) informou ontem que não aprovará a revisão do atual acordo com a Argentina caso o presidente argentino, Néstor Kirchner, cumpra a ameaça de não pagar um empréstimo de US$ 3 bilhões com o Fundo que vence no dia 9 de março.
"Para deixar claro, o Fundo não pode aprovar nenhuma revisão se houver o caso de um pagamento de empréstimo que não tenha sido feito na data acertada", afirmou o porta-voz do FMI, Thomas Dawson. Uma missão do FMI deve visitar a Argentina na semana que vem, e o Fundo prevê que a segunda revisão do acordo possa demorar "mais algumas semanas" para ser aprovada.
Os procedimentos para a revisão poderiam, nesse caso, exceder a data de 9 de março, quando vence a parcela de US$ 3 bilhões.
"As datas para pagamentos funcionam de maneira independente das [datas] do procedimento para a revisão do acordo. E essas datas [para os pagamentos] são muito bem conhecidas. As duas coisas devem funcionar de maneira independente", afirmou Dawson.
O atual programa entre FMI e Argentina prevê empréstimos de US$ 12,5 bilhões, dos quais uma parcela de US$ 330 milhões já foi liberada no início de janeiro.
Antes do fechamento do atual acordo, a Argentina chegou a atrasar por dois dias o pagamento de uma dívida que tinha com o Fundo. "Foi lamentável, mas voltamos aos trilhos", disse Dawson.
O porta-voz do FMI disse, no entanto, que a Argentina e o Fundo "têm todas as condições" para continuar o atual programa. "O processo está todo bem encaminhado", afirmou.
Questionado se o Fundo faria novas exigências ao país na atual revisão, Dawson afirmou que não há "um cardápio" pronto.
Desde o anúncio do atual acordo, em setembro de 2003, o FMI vem cobrando da Argentina regras mais claras para reajustes de tarifas de empresas de serviços públicos no país e reestruturação do sistema bancário.
O FMI também exigiu que a Argentina apressasse a negociação com seus credores -o país declarou, há dois anos, moratória de sua dívida de US$ 88 bilhões.
Ontem, Dawson afirmou que o Fundo vem "monitorando, com contatos regulares com bancos", o rumo das negociações. A Argentina sugeriu pagar apenas 25% do que deve, algo considerado inaceitável pela maioria dos credores. (FERNANDO CANZIAN)


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