São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Lucro dos bancos será recorde em 2007

Enquanto o sistema financeiro norte-americano atravessa uma de suas maiores crises, no Brasil, o ano de 2007 será o de maior lucro dos bancos na história.
O lucro total das 15 instituições que divulgaram seus balanços até agora somou R$ 82,3 bilhões, o que representa um crescimento nominal de 74,8% em relação ao resultado de 2006.
A rentabilidade (lucro líquido sobre patrimônio líquido) dos bancos brasileiros subiu de 18,9%, em 2006, para 26,1%, no ano passado.
Segundo Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, responsável por esses cálculos, esse lucro recorde dos bancos foi muito influenciado pelo crescimento das carteiras de crédito.
Além disso, a manutenção dos "spreads" (taxa de risco) elevados e os ganhos de eficiência também contribuíram para esse resultado recorde das instituições em 2007.
No ano passado, o volume total de crédito desses 15 bancos atingiu R$ 325,2 bilhões, 25% a mais do que em 2006.
A soma dos depósitos alcançou R$ 239 bilhões em 2007, um crescimento de 25,7% em relação ao ano anterior.
A receita com as tarifas de serviços bancários também continuou elevada. No ano passado, esses 15 bancos registraram uma receita total de serviços de R$ 24,8 bilhões, representando uma expansão de 17% em comparação a 2006.
Com R$ 341,1 bilhões em ativos totais e R$ 98,3 bilhões em depósitos, o Bradesco segue em primeiro lugar entre os bancos privados no país. O Itaú vem em segundo, com R$ 209,7 bilhões em ativos e R$ 81,6 bilhões em depósitos. O terceiro colocado é o Santander/Banespa (R$ 122,3 bilhões em ativos e R$ 38,8 bilhões em ativos).
Não foram divulgados ainda, entre os grandes bancos, os balanços do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, do Unibanco e do ABN Amro.
Em termos contábeis, o Itaú registrou o maior lucro, divulgado ontem, de R$ 8,4 bilhões, superior ao do Bradesco, de R$ 8 bilhões. Mas, se for levada em consideração apenas a atividade bancária, sem contabilizar os ganhos com a venda de participações de empresas, os dois praticamente empatam. O lucro recorrente (só a atividade bancária) do Bradesco foi de R$ 7,21 bilhões, e o do Itaú, de R$ 7,18 bilhões.
O mais interessante, de acordo com Erivelto Rodrigues, é que os bancos mantiveram em 2007 um índice de inadimplência sob controle, apesar de terem expandido os financiamentos para operações de maior risco. Os bancos aumentaram os empréstimos tanto para as pessoas físicas como para pequenas e médias empresas e, mesmo assim, a inadimplência não aumentou.
Para 2008, Erivelto Rodrigues afirma que os bancos ainda continuarão a exibir altos lucros, mas abaixo dos do ano passado. Os resultados das instituições devem sofrer influência dos aumentos recentes do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e da CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido) e também das restrições às tarifas bancárias e da elevação da cobrança do compulsório sobre as operações de leasing.
"O resultado dos bancos em 2008 será bom, mas não na mesma proporção", afirma Rodrigues.
Além de todos esses fatores, Erivelto Rodrigues não descarta a hipótese de o governo decidir aumentar o compulsório sobre os depósitos à vista dos bancos. Seria uma forma de enxugar a liquidez do mercado sem ter de recorrer ao aumento dos juros. A Austin Rating aposta na manutenção da Selic a 11,25% durante todo este ano.

Confiança do consumidor tem leve recuo

A confiança do consumidor brasileiro medida pelo INC (Índice Nacional de Confiança), que é calculado pelo instituto Ipsos para a ACSP (Associação Comercial de São Paulo), caiu um ponto no primeiro mês deste ano, passando de 139 pontos em dezembro de 2007 para 138 em janeiro. Em janeiro do ano passado, o índice registrava 129 pontos.
A região mais otimista é a Norte/Centro-Oeste. Mesmo assim, registrou queda de quatro pontos de dezembro (152 pontos) para janeiro (148 pontos). A menos otimista é a região Sul, que subiu um ponto e alcançou 120 em janeiro.
O otimismo menor é mostrado pelo percentual de 34% da população brasileira, que está menos à vontade para adquirir bens de grande valor, contra 32% que estão mais favoráveis.
Já para a compra de eletrodomésticos, o INC indica que 44% das pessoas estão mais à vontade e que 26% se sentem menos à vontade. A confiança sobre a manutenção do emprego esteve em alta -44% responderam sim, contra 23% que falaram que não.
O INC é resultado de mil entrevistas realizadas entre 23 e 30 de janeiro, em 70 cidades brasileiras em nove regiões metropolitanas.

EBULIÇÃO

"O Brasil é um mercadão", afirma Belarmino Filho

Depois de dois anos vivendo entre São Paulo e Madri, Belarmino Iglesias Filho volta seu foco para o mercado brasileiro, em que ele acredita muito.
Em Madri, abriu duas casas, o restaurante Baby Beef Rubaiyat e o Porto Rubaiyat. "Agora, Madri está consolidada", diz Belarmino, que, neste momento, pretende se dedicar a novos projetos do grupo Rubaiyat no Brasil.
Segundo ele, há muita oportunidade no país. "O Brasil é um mercadão. O nosso mercado está em ebulição. Embora o cenário internacional esteja turbulento, ainda temos espaço para expansão."
Na lista de novos projetos do grupo está uma reforma do restaurante da Faria Lima e um projeto de produtos gourmet.
Mas Belarmino não descarta a idéia de abrir novas casas no futuro. "Já dá para começar a pensar em expansão."

MUNDO AFORA
A Mercado Eletrônico, especializada em transações entre empresas pela internet e terceirização de processos de compras, quer abrir, neste ano, filiais na Espanha e no México. A empresa entrou na Europa no segundo semestre de 2007, com a aquisição da Fórum B2B, empresa do grupo Energias de Portugal. "Foi a porta de entrada na Europa", diz Eduardo Nader, presidente da empresa, que fechou 2007 com faturamento 30% superior ao de 2006. Entre seus clientes estão Nestlé, Braskem, Accor e outros.

LONGO AMANHECER
Está previsto para março o lançamento de "O Longo Amanhecer", cinebiografia do economista Celso Furtado. Dirigido por José Mariani, o filme usa a última entrevista do economista, concedida em 2004, quatro meses antes de sua morte, para costurar sua trajetória e traçar um panorama da história política e econômica brasileira. O documentário traz ainda depoimentos de Antonio Barros de Castro, Francisco de Oliveira e Maria da Conceição Tavares.

RISCO
As agências de classificação de risco Moody's, Standard & Poor's e Fitch mantiveram o grau de investimento concedido à Usiminas após a aquisição das quatro mineradoras do grupo J.Mendes, que demandou US$ 925 milhões iniciais.


com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA

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