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Governo libera venda de milho transgênico
Conselho de Biossegurança aprova comercialização de variedades de semente da Bayer e da Monsanto
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O CNBS (Conselho Nacional
de Biossegurança), integrado
por 11 ministros, aprovou ontem a comercialização de duas
variedades de semente de milho transgênico, das multinacionais Bayer e Monsanto.
O placar da decisão foi de sete
a quatro. Segundo a Folha apurou, os votos contrários vieram
de José Gomes Temporão
(Saúde), Altemir Gregolim
(Pesca), Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) e João
Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do
Meio Ambiente, representando a ministra Marina Silva, que
está em viagem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A comercialização das duas
variedades de milho havia obtido no ano passado parecer favorável da CTNBio (Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança), mas relatórios desfavoráveis da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e
do Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Os dois órgãos afirmam que
não há comprovação de que os
produtos não trazem risco à
saúde e ao ambiente. Argumentam ainda que eles trazem
risco de contaminação de culturas tradicionais e apontam a
ausência de regras suficientes
para o monitoramento do
plantio, transporte e armazenagem.
De acordo com relato de Sérgio Rezende, ministro de Ciência e Tecnologia, a AGU (Advocacia Geral da União) concluiu
em parecer que cabe à CTNBio,
e não à Anvisa e ao Ibama, decidir sobre a liberação de transgênicos. O encontro foi presidido pela ministra-chefe da Casa
Civil, Dilma Rouseff.
Segundo Rezende, os quatro
ministros contrários pediram
mais estudos antes de votar pela liberação ou não do milho.
A partir de agora, informou o
ministro, as duas empresas terão de pedir um registro do Ministério da Agricultura para começar a produzir sementes geneticamente modificadas. O
prazo para obtenção dessa autorização é de 120 dias. A previsão dos produtores é que a liberação comece a valer no máximo para a safra de 2008/9.
Rezende disse não saber o
que acontecerá com as sementes geneticamente modificadas
que já são produzidas irregularmente. De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura, apenas serão consideradas válidas sementes plantadas a partir da
obtenção do registro.
Além das duas variedades
aprovadas na reunião de ontem, a CTNBio aprovou também no ano passado uma variedade da Syngenta. Ela ainda
tem de passar pelo CNBS.
Entidades ambientalistas,
intelectuais e movimentos
camponeses lamentaram a decisão de ontem. "Lamentável é
pouco", disse Gabriela Vuolo,
coordenadora da campanha de
engenharia genética do Greenpeace Brasil, citando que é sintomático que as pastas contrárias à decisão tenham sido justamente a Saúde e o Meio Ambiente, uma vez que são exatamente as duas áreas que poderiam ser afetadas pelo cultivo
de variedades transgênicas.
Maria Rita Reis, assessora jurídica da ONG Terra de Direitos, afirma que, recentemente,
França, Hungria e Áustria revogaram a autorização das
duas variedades liberadas ontem pelo Brasil. Ela disse que
não descarta uma ação contra a
decisão do CNBS.
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