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Caixa amplia carteira de crédito em 55%, mas tem lucro menor
Ganho de R$ 3 bi no ano passado é 23% inferior ao registrado em 2008; vice-presidente diz que banco não busca o "lucro máximo'
Um dos fatores que pesaram no resultado foi a menor utilização de créditos tributários; inadimplência recuou e favoreceu balanço
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
GIULIANA VALLONE
DA FOLHA ONLINE
A considerável expansão da
carteira de crédito, aliada ao recuo da inadimplência, não foi
suficiente para melhorar o resultado da CEF (Caixa Econômica Federal) no ano passado.
O que a instituição financeira
pública conseguiu foi um lucro
líquido de R$ 3 bilhões em
2009, cifra 23% inferior ao registrado no ano anterior.
Se 2009 já não foi dos mais
empolgantes para a CEF no critério lucro, este ano pode ser
ainda mais fraco. A projeção
para 2010 é a de que o resultado
gire entre R$ 2 bilhões e R$ 2,5
bilhões. O vice-presidente de finanças da CEF, Márcio Percival, tentou relativizar esses números. "Nosso balanço tem que
ser olhado do ponto de vista de
que a gente busca a sustentabilidade financeira, não o lucro
máximo. Até porque 70% do
crédito concedido pela Caixa é
direcionado, com remuneração
definida", disse.
Um importante fator que influenciou o resultado da Caixa
foi a menor utilização de créditos tributários, que haviam inflado os números de 2008. Naquele ano, os créditos tributários alcançaram cerca de R$ 1,5
bilhão. Já em 2009, o banco
contou com apenas R$ 816 milhões. Sem essa diferença, o lucro teria sido muito próximo
entre 2008 e 2009.
No quarto trimestre, o resultado foi diferente. Com alta trimestral de 11,7%, o banco teve
lucro de R$ 972 milhões entre
outubro e dezembro.
Já o grande destaque do balanço foi a velocidade do crescimento da carteira de crédito da
CEF, muito superior à dos
grandes bancos privados
-dentre esses, quem mais se
expandiu em crédito foi o Bradesco, com aumento de 6,8%.
Como parte da ação anticíclica do governo, a Caixa manteve
sua carteira de crédito aberta
durante a crise, o que permitiu
que se expandisse em 55,3% em
12 meses. A carteira atingiu
inéditos R$ 124,4 bilhões.
Como resultado dessa política anticíclica, a Caixa conseguiu elevar sua participação no
mercado de crédito para 8,8%
em 2009, ante 6,5% em 2008.
Esse ganho importante de
mercado apenas não teve impacto mais relevante nos resultados devido ao corte de juros
praticado pelo banco, cujas taxas tiveram redução média de
9,34% no ano passado. Isso significa que, apesar de ter oferecido mais recursos para empréstimos, a CEF recebeu menos por cada real cedido.
Na opinião de Luis Miguel
Santacreu, analista da Austin
Rating, "o banco se mostrou
menos dependente de receitas
com tesouraria, o que deve ser
destacado. Se não forem considerados efeitos como os ganhos
com crédito tributário, o balanço foi bastante positivo", diz.
Para o analista, a Caixa tem
espaço para seguir sua expansão no crédito nacional, mas
provavelmente não em um ritmo como o verificado em 2009.
Os bancos privados prometem
engrossar a disputa neste ano.
De sua parte, a instituição
permanece ambiciosa e fala em
crescer cerca de 28% no crédito
em 2010. Para isso, já planeja
ampliar suas fontes de captação de recursos. A estratégia da
Caixa contempla basicamente
dois instrumentos de captação:
as Letras Financeiras, em fase
de regulamentação pelo governo, para obter recursos no mercado interno, e a emissão de bônus no exterior.
"Nós temos claro que há um
mercado lá fora", afirmou Percival. Segundo ele, a intenção
do banco seria realizar a operação neste semestre. "Mas não
sei se dá tempo", disse, ressaltando que, sendo assim, a captação ocorreria no início da segunda metade do ano.
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