São Paulo, sábado, 13 de fevereiro de 2010

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Caixa amplia carteira de crédito em 55%, mas tem lucro menor

Ganho de R$ 3 bi no ano passado é 23% inferior ao registrado em 2008; vice-presidente diz que banco não busca o "lucro máximo'

Um dos fatores que pesaram no resultado foi a menor utilização de créditos tributários; inadimplência recuou e favoreceu balanço

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
GIULIANA VALLONE
DA FOLHA ONLINE

A considerável expansão da carteira de crédito, aliada ao recuo da inadimplência, não foi suficiente para melhorar o resultado da CEF (Caixa Econômica Federal) no ano passado. O que a instituição financeira pública conseguiu foi um lucro líquido de R$ 3 bilhões em 2009, cifra 23% inferior ao registrado no ano anterior.
Se 2009 já não foi dos mais empolgantes para a CEF no critério lucro, este ano pode ser ainda mais fraco. A projeção para 2010 é a de que o resultado gire entre R$ 2 bilhões e R$ 2,5 bilhões. O vice-presidente de finanças da CEF, Márcio Percival, tentou relativizar esses números. "Nosso balanço tem que ser olhado do ponto de vista de que a gente busca a sustentabilidade financeira, não o lucro máximo. Até porque 70% do crédito concedido pela Caixa é direcionado, com remuneração definida", disse.
Um importante fator que influenciou o resultado da Caixa foi a menor utilização de créditos tributários, que haviam inflado os números de 2008. Naquele ano, os créditos tributários alcançaram cerca de R$ 1,5 bilhão. Já em 2009, o banco contou com apenas R$ 816 milhões. Sem essa diferença, o lucro teria sido muito próximo entre 2008 e 2009.
No quarto trimestre, o resultado foi diferente. Com alta trimestral de 11,7%, o banco teve lucro de R$ 972 milhões entre outubro e dezembro.
Já o grande destaque do balanço foi a velocidade do crescimento da carteira de crédito da CEF, muito superior à dos grandes bancos privados -dentre esses, quem mais se expandiu em crédito foi o Bradesco, com aumento de 6,8%.
Como parte da ação anticíclica do governo, a Caixa manteve sua carteira de crédito aberta durante a crise, o que permitiu que se expandisse em 55,3% em 12 meses. A carteira atingiu inéditos R$ 124,4 bilhões.
Como resultado dessa política anticíclica, a Caixa conseguiu elevar sua participação no mercado de crédito para 8,8% em 2009, ante 6,5% em 2008.
Esse ganho importante de mercado apenas não teve impacto mais relevante nos resultados devido ao corte de juros praticado pelo banco, cujas taxas tiveram redução média de 9,34% no ano passado. Isso significa que, apesar de ter oferecido mais recursos para empréstimos, a CEF recebeu menos por cada real cedido.
Na opinião de Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating, "o banco se mostrou menos dependente de receitas com tesouraria, o que deve ser destacado. Se não forem considerados efeitos como os ganhos com crédito tributário, o balanço foi bastante positivo", diz.
Para o analista, a Caixa tem espaço para seguir sua expansão no crédito nacional, mas provavelmente não em um ritmo como o verificado em 2009. Os bancos privados prometem engrossar a disputa neste ano.
De sua parte, a instituição permanece ambiciosa e fala em crescer cerca de 28% no crédito em 2010. Para isso, já planeja ampliar suas fontes de captação de recursos. A estratégia da Caixa contempla basicamente dois instrumentos de captação: as Letras Financeiras, em fase de regulamentação pelo governo, para obter recursos no mercado interno, e a emissão de bônus no exterior.
"Nós temos claro que há um mercado lá fora", afirmou Percival. Segundo ele, a intenção do banco seria realizar a operação neste semestre. "Mas não sei se dá tempo", disse, ressaltando que, sendo assim, a captação ocorreria no início da segunda metade do ano.


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