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CONJUNTURA
É a primeira queda desde 92, diz o IBGE; setor automobilístico teve baixa de 25% e eletroeletrônico, de 26%
Produção industrial caiu 2,3% em 1998
TONI SCIARRETTA
da Sucursal do Rio
A produção industrial brasileira
caiu 2,3% no ano passado em relação a 97, de acordo com pesquisa
divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Foi o primeiro ano, desde 92, em
que o instituto registrou queda
anual na produção da indústria.
Naquele ano, sob influência da política recessiva do então presidente
Fernando Collor (90/92), a produção industrial recuou 3,7%.
Apenas de novembro para dezembro de 98, houve redução de
2,4% na produção industrial. Em
relação a dezembro de 97, a queda
na produção industrial de dezembro chegou a 3,3%. Os números já
descontam os efeitos da sazonalidade típica de final de ano.
A pesquisa do IBGE revelou que
o setor de bens duráveis, como automóveis e eletroeletrônicos, foi de
longe o que apresentou o pior desempenho no ano passado.
A indústria automobilística, por
exemplo, teve queda de 25,1% na
produção em 98, na comparação
com 97. A produção de eletroeletrônicos encolheu 25,9%.
A indústria de bens de capital,
produtora de máquinas, conseguiu registrar crescimento de 5,8%
na produção no primeiro semestre
de 98. No segundo, porém, a moratória russa e o aumento dos juros
levaram o setor a ter uma queda de
9% na produção. Na média do ano,
o setor encolheu 1,9%.
O responsável pela pesquisa industrial do IBGE, Silvio Sales, explica que o setor de bens de capital,
por fabricar máquinas, reflete a expectativa da indústria em investir.
""No primeiro semestre, houve tentativa de recuperação (depois da
crise asiática do final de 97), mas o
setor foi frustrado pelo aumento
dos juros."
Emprego cai no Real
O IBGE revelou que houve redução de 6,5% no emprego industrial
nos dois primeiros anos do Plano
Real. Em 94, a indústria brasileira
empregava 5,55 milhões de pessoas. Dois anos depois, o mesmo
setor só dava emprego para 5,18
milhões. Esses dados constam da
PIA (Pesquisa Industrial Anual) de
96, divulgada apenas ontem pelo
instituto.
Nesses dois anos de Real, a indústria brasileira retrocedeu quase
uma década quanto ao nível de
emprego. Em 85, a indústria brasileira empregava 5,24 milhões de
pessoas. Demorou nove anos para
o setor aumentar em 6% o nível de
emprego e chegar a 94 dando trabalho a 5,55 milhões.
O IBGE apontou como os principais responsáveis pela redução no
emprego industrial a automação e
o aumento da competitividade, depois da abertura econômica iniciada no governo Collor.
O Estado de São Paulo tinha, em
85, 45% do total de postos de trabalho da indústria brasileira. Em
96, esse percentual havia caído para 41,8%. Naquele ano, Minas Gerais ocupava a segunda posição
(10,1%), seguida pelo Rio Grande
do Sul (9,7%) e pelo Rio de Janeiro
(7,5%).
Números batem
Os números divulgados ontem
pelo IBGE acompanham a tendência mostrada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Na
terça-feira, a entidade informou
que a indústria teve em 98 o pior
resultado desde 92.
Para a CNI, houve queda em todos os itens analisados em relação
a 97. O emprego caiu 5,91%, enquanto as vendas declinaram
1,34%.
Em oito dos 12 Estados onde é
feita a pesquisa da CNI, as empresas tiveram queda no faturamento.
Em nove Estados houve queda do
emprego. Os salários líquidos caíram 4,79% e as horas trabalhadas
na produção tiveram queda de
7,51%. Para fazer a pesquisa a CNI
consultou 3.700 empresas de médio e grande portes.
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