São Paulo, Sábado, 13 de Fevereiro de 1999
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CONJUNTURA
É a primeira queda desde 92, diz o IBGE; setor automobilístico teve baixa de 25% e eletroeletrônico, de 26%
Produção industrial caiu 2,3% em 1998

TONI SCIARRETTA
da Sucursal do Rio

A produção industrial brasileira caiu 2,3% no ano passado em relação a 97, de acordo com pesquisa divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Foi o primeiro ano, desde 92, em que o instituto registrou queda anual na produção da indústria. Naquele ano, sob influência da política recessiva do então presidente Fernando Collor (90/92), a produção industrial recuou 3,7%.
Apenas de novembro para dezembro de 98, houve redução de 2,4% na produção industrial. Em relação a dezembro de 97, a queda na produção industrial de dezembro chegou a 3,3%. Os números já descontam os efeitos da sazonalidade típica de final de ano.
A pesquisa do IBGE revelou que o setor de bens duráveis, como automóveis e eletroeletrônicos, foi de longe o que apresentou o pior desempenho no ano passado.
A indústria automobilística, por exemplo, teve queda de 25,1% na produção em 98, na comparação com 97. A produção de eletroeletrônicos encolheu 25,9%.
A indústria de bens de capital, produtora de máquinas, conseguiu registrar crescimento de 5,8% na produção no primeiro semestre de 98. No segundo, porém, a moratória russa e o aumento dos juros levaram o setor a ter uma queda de 9% na produção. Na média do ano, o setor encolheu 1,9%.
O responsável pela pesquisa industrial do IBGE, Silvio Sales, explica que o setor de bens de capital, por fabricar máquinas, reflete a expectativa da indústria em investir. ""No primeiro semestre, houve tentativa de recuperação (depois da crise asiática do final de 97), mas o setor foi frustrado pelo aumento dos juros."

Emprego cai no Real
O IBGE revelou que houve redução de 6,5% no emprego industrial nos dois primeiros anos do Plano Real. Em 94, a indústria brasileira empregava 5,55 milhões de pessoas. Dois anos depois, o mesmo setor só dava emprego para 5,18 milhões. Esses dados constam da PIA (Pesquisa Industrial Anual) de 96, divulgada apenas ontem pelo instituto.
Nesses dois anos de Real, a indústria brasileira retrocedeu quase uma década quanto ao nível de emprego. Em 85, a indústria brasileira empregava 5,24 milhões de pessoas. Demorou nove anos para o setor aumentar em 6% o nível de emprego e chegar a 94 dando trabalho a 5,55 milhões.
O IBGE apontou como os principais responsáveis pela redução no emprego industrial a automação e o aumento da competitividade, depois da abertura econômica iniciada no governo Collor.
O Estado de São Paulo tinha, em 85, 45% do total de postos de trabalho da indústria brasileira. Em 96, esse percentual havia caído para 41,8%. Naquele ano, Minas Gerais ocupava a segunda posição (10,1%), seguida pelo Rio Grande do Sul (9,7%) e pelo Rio de Janeiro (7,5%).

Números batem
Os números divulgados ontem pelo IBGE acompanham a tendência mostrada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Na terça-feira, a entidade informou que a indústria teve em 98 o pior resultado desde 92.
Para a CNI, houve queda em todos os itens analisados em relação a 97. O emprego caiu 5,91%, enquanto as vendas declinaram 1,34%.
Em oito dos 12 Estados onde é feita a pesquisa da CNI, as empresas tiveram queda no faturamento. Em nove Estados houve queda do emprego. Os salários líquidos caíram 4,79% e as horas trabalhadas na produção tiveram queda de 7,51%. Para fazer a pesquisa a CNI consultou 3.700 empresas de médio e grande portes.


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