São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

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Cabral quer ato contra mudança em royalty

Governo deve fazer convocação hoje para protesto público contra a emenda; Ciro diz que peemedebista foi "inábil"

Leonardo Berenger - 11.fev.10/"Folha da Manhã"
Moradores de Campos (no norte do Rio) protestam contra aprovação da emenda Ibsen, que modifica a distribuição de royalties

JOÃO PAULO GONDIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), faz convocação hoje no Palácio Guanabara, sede do Executivo fluminense, para tentar realizar grande protesto público, a ser realizado na quarta, de oposição à emenda Ibsen, que reduz drasticamente verbas para o Estado.
De autoria do deputado federal Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), a emenda, que trata do repasse de royalties do pré-sal e do petróleo, se aprovada no Senado, vai tirar do Rio de Janeiro, maior Estado produtor do país, R$ 7 bilhões ao ano pagos em royalties, que seriam restritos a R$ 100 milhões.
As principais lideranças do governo e da Assembleia Legislativa estão se mobilizando para levar milhares de pessoas às ruas contra a mudança.
Cabral, que chorou em público, anteontem, alegando que a aprovação da emenda "quebraria" o Estado, silenciou ontem quanto às críticas do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) em relação à atitude do governador durante a elaboração do texto original do projeto.
"O governador Sérgio Cabral, meu estimado amigo, [chegou a] chorar... Paciência, Serginho, muda de ramo, não é bem assim. Tem que organizar um diálogo. Ele foi muito inábil na [proposta] preliminar. Ele foi lá negociar com o Lula e achou que numa conversa íntima resolvia o assunto."
Em entrevista à rádio CBN, o deputado disse ter achado "um exagero" a forma como a emenda foi feita, mas, para ele, a culpa do "desfinanciamento abrupto" do Rio é da "dinâmica política da atual coalizão PT-PMDB na Câmara, que não trata nenhum assunto com os atores reais da vida brasileira".
De acordo com Ciro, "os dois partidos, na sua arrogância, acharam que controlavam tudo. Não houve a percepção de que ali estava em discussão um projeto de distribuição de renda para a sociedade brasileira".
O deputado disse achar que a emenda ainda será "consertada". "É preciso construir uma saída, e ela é perfeitamente viável no Senado. [Mas], se for na base do protesto, confusão, esculhambar a Câmara, o Senado e os políticos, o Rio vai perder porque o Lula não vai vetá-la. Ele não vai ficar contra o resto do país, que tem problemas tão ou mais graves do que o Rio."
Para Ciro, a atitude de Cabral de confrontar governantes e congressistas de outros Estados não vai ajudá-lo. "Na minha terra ninguém pega galinha gritando "xô"." Ele ainda afirmou que muitos políticos fluminenses estão "de conversa fiada e fazendo teatro".
"As consequências surgirão lá para 2015. Há gente que quer explorar o sentimento, justo, de injustiça do povo do Rio para fins eleitoreiros". Instado a nomeá-los, Ciro recusou-se.


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