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Bolsa recua 0,78% em meio a cautela pré-Copom
BC define juro na próxima semana; dólar vale R$ 1,765
EPAMINONDAS NETO
DA FOLHA ONLINE
A Bovespa tentou durante a
semana inteira romper o que
analistas do mercado financeiro apelidam de "patamar psicológico", isto é, um nível de preços que, se superado, pode consolidar uma tendência. Isso teria ocorrido ontem, não fosse a
cautela dos investidores diante
da agenda dos próximos dias.
A reunião do Copom (Comitê
de Política Monetária), novas
especulações sobre um possível
pacote de ajuda à problemática
Grécia e o vencimento dos contratos de opções (direitos de
compra ou de venda de ações)
na segunda formaram o cenário que deixou o investidor menos disposto a assumir riscos.
A cena externa também não
ajudou: as Bolsas americanas
caíram durante boa parte do
tempo, e o índice Dow Jones
somente teve uma modesta valorização, de 0,12%.
Para profissionais de mercado, ainda concorreu para a queda de ontem -de 0,78%- a habitual venda de ações que subiram muito no curto prazo, para
que o investidor embolse os lucros. Efetivamente, o "termômetro" da Bolsa, o índice Ibovespa, subiu mais de 5% somente nos últimos 30 dias.
A recuperação recente foi
sustentada por um artigo em
falta nos primeiros meses do
ano: o capital estrangeiro. Até
fevereiro, mais de R$ 3 bilhões
haviam migrado das ações brasileiras. Neste mês, somente
nos primeiros dez dias o saldo
(entre compras e vendas) ultrapassa R$ 1 bilhão. O investidor
"não residente" é muito importante para a Bolsa brasileira e
responde por quase um terço
dos negócios realizados.
Sustentado por esse fluxo de
capital novo, o mercado brasileiro de ações quase recuperou
os preços praticados há dois
meses, antes de uma onda de
pessimismo mundial tomar
conta. O índice Ibovespa chegou a encostar nos 70 mil pontos, nível de preço que, se superado, poderia abrir caminho
para a Bolsa retomar a trajetória perdida no primeiro semestre de 2008, antes da crise
mundial, segundo analistas.
Será complicado, porém, bater essa marca. "Essas duas últimas semanas foram importantes, por causa do retorno do
capital estrangeiro. No curto
prazo, não se enxerga alteração
nesse quadro. Mas o mercado
ainda pode cair antes de voltar
a subir com força", diz Adriano
Moreno, da área de estratégia
da Futura Investimentos.
A agenda da próxima semana
tem vários "testes" para o investidor. Há meses o mercado
financeiro não se encontra tão
dividido sobre o resultado de
uma reunião do Banco Central.
O grupo dos economistas que
defendem um aumento dos juros neste mês ganhou adeptos,
como Maristella Ansanelli, do
banco Fibra. Ela antecipou sua
projeção de ajuste da Selic de
abril para este mês, contando
com uma elevação de 0,25 ponto percentual.
"Os [indicadores] antecedentes de fevereiro apontam para
uma retomada forte após a relativa acomodação da virada do
ano", diz, citando ainda "o robusto desempenho do comércio" em janeiro como fator que
enfraquece os motivos do BC
para manter a taxa Selic em
8,75% por mais tempo.
No mercado de câmbio, o dólar comercial encerrou o dia em
queda de 0,28%, cotado a R$
1,765, seu patamar mais baixo
desde 13 de janeiro.
Horário novo
A BM&FBovespa estreia horário novo, devido ao início do
horário de verão nos Estados
Unidos (a principal referência
dos investidores domésticos).
A partir de segunda, o pregão
da Bovespa volta para o período
das 10h às 17h (hora de Brasília), com "after market" das
17h30 às 19h.
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