São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

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Bolsa recua 0,78% em meio a cautela pré-Copom

BC define juro na próxima semana; dólar vale R$ 1,765

EPAMINONDAS NETO
DA FOLHA ONLINE

A Bovespa tentou durante a semana inteira romper o que analistas do mercado financeiro apelidam de "patamar psicológico", isto é, um nível de preços que, se superado, pode consolidar uma tendência. Isso teria ocorrido ontem, não fosse a cautela dos investidores diante da agenda dos próximos dias.
A reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), novas especulações sobre um possível pacote de ajuda à problemática Grécia e o vencimento dos contratos de opções (direitos de compra ou de venda de ações) na segunda formaram o cenário que deixou o investidor menos disposto a assumir riscos.
A cena externa também não ajudou: as Bolsas americanas caíram durante boa parte do tempo, e o índice Dow Jones somente teve uma modesta valorização, de 0,12%.
Para profissionais de mercado, ainda concorreu para a queda de ontem -de 0,78%- a habitual venda de ações que subiram muito no curto prazo, para que o investidor embolse os lucros. Efetivamente, o "termômetro" da Bolsa, o índice Ibovespa, subiu mais de 5% somente nos últimos 30 dias.
A recuperação recente foi sustentada por um artigo em falta nos primeiros meses do ano: o capital estrangeiro. Até fevereiro, mais de R$ 3 bilhões haviam migrado das ações brasileiras. Neste mês, somente nos primeiros dez dias o saldo (entre compras e vendas) ultrapassa R$ 1 bilhão. O investidor "não residente" é muito importante para a Bolsa brasileira e responde por quase um terço dos negócios realizados.
Sustentado por esse fluxo de capital novo, o mercado brasileiro de ações quase recuperou os preços praticados há dois meses, antes de uma onda de pessimismo mundial tomar conta. O índice Ibovespa chegou a encostar nos 70 mil pontos, nível de preço que, se superado, poderia abrir caminho para a Bolsa retomar a trajetória perdida no primeiro semestre de 2008, antes da crise mundial, segundo analistas.
Será complicado, porém, bater essa marca. "Essas duas últimas semanas foram importantes, por causa do retorno do capital estrangeiro. No curto prazo, não se enxerga alteração nesse quadro. Mas o mercado ainda pode cair antes de voltar a subir com força", diz Adriano Moreno, da área de estratégia da Futura Investimentos.
A agenda da próxima semana tem vários "testes" para o investidor. Há meses o mercado financeiro não se encontra tão dividido sobre o resultado de uma reunião do Banco Central. O grupo dos economistas que defendem um aumento dos juros neste mês ganhou adeptos, como Maristella Ansanelli, do banco Fibra. Ela antecipou sua projeção de ajuste da Selic de abril para este mês, contando com uma elevação de 0,25 ponto percentual.
"Os [indicadores] antecedentes de fevereiro apontam para uma retomada forte após a relativa acomodação da virada do ano", diz, citando ainda "o robusto desempenho do comércio" em janeiro como fator que enfraquece os motivos do BC para manter a taxa Selic em 8,75% por mais tempo.
No mercado de câmbio, o dólar comercial encerrou o dia em queda de 0,28%, cotado a R$ 1,765, seu patamar mais baixo desde 13 de janeiro.

Horário novo
A BM&FBovespa estreia horário novo, devido ao início do horário de verão nos Estados Unidos (a principal referência dos investidores domésticos). A partir de segunda, o pregão da Bovespa volta para o período das 10h às 17h (hora de Brasília), com "after market" das 17h30 às 19h.


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