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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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Na Bahia, camelôs e vendedoras de acarajé têm crédito de até R$ 2.000

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Sem acesso a empréstimos bancários ou de outras instituições, os trabalhadores do mercado informal da Bahia -camelôs, baianas que vendem acarajé e pescadores, entre outros-, ganharam uma linha de financiamento que oferece até R$ 2.000, com juros de 2,5% ao mês, bem abaixo do mercado.
Com dez meses de operação, o CrediBahia já beneficiou cerca de 400 microempresários -o valor médio dos empréstimos é de R$ 812. De acordo com o governo baiano, a escolha do novo foco de financiamento aconteceu depois da constatação de que as grandes e médias empresas brasileiras têm alternativas para conseguir empréstimos bancários, enquanto os pequenos e micro permanecem à margem do sistema, apesar de algumas iniciativas.
"Essa parceria é muito importante porque se trata de um crédito extremamente pulverizado, e todas as unidades que emprestam o dinheiro conhecem de perto as necessidades e vocações das comunidades onde trabalham", disse o presidente da agência baiana, Vladson Menezes.
Segundo Menezes, um estudo do BNDES revela que 95% dos empreendedores nordestinos não têm acesso ao crédito.
De acordo com o presidente do CrediBahia, no Brasil existem cerca de 122 instituições de microfinanças, que atendem a aproximadamente 158 mil clientes ativos -2% da demanda potencial. "Precisamos, então, nos especializar nos pequenos."
Para capital de giro, a agência baiana empresta até R$ 1.000 (limite inicial), com pagamento em seis meses. Para investimento fixo ou misto (fixo mais capital de giro), o valor do empréstimo sobe para R$ 2.000.
Na primeira etapa, os postos de financiamento foram instalados na periferia de Salvador e nas cidades de Feira de Santana, Ilhéus, Lauro de Freitas e Pojuca.
Há oito anos vendendo acarajé em Lauro de Freitas (região metropolitana de Salvador), a baiana Lúcia Jesus Dias, 37, foi uma das primeiras beneficiadas pelo programa. "Estava no maior sufoco, peguei R$ 590 emprestados."
Com o dinheiro, a baiana realizou pequenas obras em seu ponto-de-venda e separou um capital de giro para comprar os ingredientes do bolinho mais famoso da culinária baiana.
"Se não fosse o governo baiano, não teria condições de melhorar minhas condições de venda", disse a baiana, que nunca teve sua carteira de trabalho assinada.
Segundo Dias, não foi difícil conseguir o empréstimo. "Apresentei os documentos necessários e pronto. Na mesma hora estava com o dinheiro no bolso." No próximo mês, a baiana paga a última das seis prestações do empréstimo, no valor de R$ 111.


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