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outro lado
Usinas negam cartel e imposição de preços
ENVIADAS ESPECIAIS À JAÚ
A Unica, associação que reúne as usinas de açúcar e de álcool, nega a existência de qualquer prática relacionada à formação de cartel na região de
Jaú e em outras do Estado.
A entidade informa também
que os usineiros estão preocupados em "fortalecer" a produção de cana, e não acabar com
ela. E que as fusões e as aquisições no setor sucroalcooleiro
têm como objetivo "privilegiar
os fornecedores de cana".
"Os grandes grupos não têm
interesse na parte agrícola e em
fazer investimentos em terras.
O interesse é na parte industrial, no processo de produção
de açúcar e álcool", afirma Antônio de Padua Rodrigues, diretor da Unica. O movimento de
fusões e aquisições no setor sucroalcooleiro deve ajudar o
plantador já que, segundo ele,
muitas usinas estão com dificuldades financeiras. E, se o
plantador não tem para quem
vender, ele deixa de existir.
"Quando a Cosan foi para a
região de Jaú, ela evitou que algumas usinas desaparecessem.
O que está acontecendo é que
alguns grupos encontraram um
nicho devido ao alto endividamento das usinas", afirma.
Ele diz que não existe divisão
de território em "quintais" e
que o plantador pode ter contrato com várias usinas. Diz
ainda que, se o teor de açúcar
na cana diminuiu, pode ser por
conta das chuvas mais intensas,
que provocam diminuição no
volume de açúcar da plantação
e, por consequência, do preço.
"A usina precisa de matéria-prima e firma contrato com o
fornecedor, geralmente por
cinco anos, para ter a garantia
de que irá receber a cana. O que
acontece é que o plantador, às
vezes, está perto de uma usina e
faz contrato com essa usina."
Rodrigues afirma ainda que o
modelo de preços para remunerar a cana é voluntário (pode
ou não ser adotado) e foi estabelecido pelo Consecana-SP
(Conselho dos Produtores de
Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo),
formado por representantes
das indústrias e dos plantadores. "Nem a indústria nem o
fornecedor é obrigado a aceitar
esse modelo, que deu certo."
A Cosan, dona das usinas
Barra Bonita, Dois Córregos e
Diamante, informa que adota
práticas operacionais que "prezam pela transparência e ética
em todas as suas atividades".
Também destaca que a companhia "repudia veementemente
qualquer operação que não respeite o livre mercado" e que "os
preços da cana aplicados pelas
usinas são baseados nas regras
do Consecana, que tem como
responsabilidade zelar pelo relacionamento das duas partes".
José Roberto Della Coletta,
superintendente da Usina Della Coletta, afirma que cada indústria tem sua política de
atuar e que entre os produtores
de Jaú não há plantadores com
contratos com a sua usina.
Ao ser questionado sobre as
críticas de divisão de território
e de combinação de preços, feitas pelos produtores da região
de Jaú, Della Coletta afirma:
"Se eu tiver de me curvar para
outra usina, prefiro vender a
empresa antes".
A Usina Paraíso informa que
seus fornecedores "jamais fizeram este tipo de reclamação [de
suposta prática de cartel]". Paraíso e Usina Santa Cândida
também afirmam que seguem
as regras do Consecana.
A Folha não conseguiu localizar representantes da destilaria Grizzo, e o e-mail enviado
não foi respondido.
(FF e CR)
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