São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

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CASO OPPORTUNITY

Banqueiro se vale de correspondência do Citi a Palocci com elogios

Dantas usa cartas em sua defesa

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O banqueiro Daniel Dantas está se valendo das provas de cartas assinadas pelo Citibank no passado para tentar neutralizar as pesadas acusações que o grupo norte-americano lhe tem dirigido na Justiça de Nova York, desde que estourou a disputa entre eles, em meados de março.
Na segunda-feira, um dos sócios do Opportunity, Arthur Carvalho, entregou ao juiz em Nova York cópia de correspondência da ex-diretora do Citi Mary Lynn Putney -já afastada do banco- endereçada ao governo brasileiro, nas quais fazia elogios à atuação de Daniel Dantas.
O banqueiro está sendo acusado pelo Citi de chantagem, fraude, negligência, conduta profissional indevida e quebra de contrato. As cartas de Putney ao governo brasileiro mostram que, pelo menos até 2003, as partes viviam uma lua-de-mel.
Há duas cartas endereçadas ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em fevereiro e abril de 2003, quando o governo do Paraná questionava o acordo de acionistas costurado pelo Opportunity na Sanepar, empresa estadual de saneamento.
Na segunda carta, de 11 de abril, ela diz que o banco estava ""muito satisfeito" com o CVC Opportunity e que o parceiro brasileiro vinha trabalhando para proteger os investimentos feitos num ""ambiente complexo (...) onde nossos interesses têm sido desafiado por outros acionistas".
Diz ainda que o Citigroup possuía um relacionamento direto com Dantas, que ""definitivamente" queria manter e que acreditava ""fortemente"" que a gerência do banqueiro era central na proteção do patrimônio investido pelo Citi, de cerca de US$ 700 milhões.
O Opportunity entregou um total de cinco cartas que a ex-diretora do Citi enviou a autoridades brasileiras. Duas foram dirigidas aos então ministros do Desenvolvimento Alcides Tápias e Sérgio Amaral, em períodos diferentes no governo Fernando Henrique Cardoso. Além das duas dirigidas a Palocci, há uma outra enviada ao ex-presidente do Banco do Brasil Cássio Casseb, no dia 19 de maio de 2003.
Na carta dirigida a Alcides Tápias, em 4 de setembro de 2000, a ex-diretora do Citi diz que a instituição fez parceria com o Opportunity porque a legislação bancária americana a impedia de controlar companhias fora dos EUA.
Com base nessa mesma carta, a Telemig Celular (que é um dos alvos da disputa entre Opportunity, Citi e fundos de brasileiros) entrou ontem à noite com uma representação na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) pedindo que reconsidere a autorização dada ao Citi para destituição do Opportunity do papel de gestor do fundo CVC.
A Folha não conseguiu ouvir a Anatel ontem à noite sobre a representação da Telemig Celular.


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