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CASO OPPORTUNITY
Banqueiro se vale de correspondência do Citi a Palocci com elogios
Dantas usa cartas em sua defesa
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O banqueiro Daniel Dantas está
se valendo das provas de cartas
assinadas pelo Citibank no passado para tentar neutralizar as pesadas acusações que o grupo norte-americano lhe tem dirigido na
Justiça de Nova York, desde que
estourou a disputa entre eles, em
meados de março.
Na segunda-feira, um dos sócios do Opportunity, Arthur Carvalho, entregou ao juiz em Nova
York cópia de correspondência
da ex-diretora do Citi Mary Lynn
Putney -já afastada do banco-
endereçada ao governo brasileiro,
nas quais fazia elogios à atuação
de Daniel Dantas.
O banqueiro está sendo acusado pelo Citi de chantagem, fraude, negligência, conduta profissional indevida e quebra de contrato. As cartas de Putney ao governo brasileiro mostram que, pelo menos até 2003, as partes viviam uma lua-de-mel.
Há duas cartas endereçadas ao
ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em fevereiro e abril de 2003,
quando o governo do Paraná
questionava o acordo de acionistas costurado pelo Opportunity
na Sanepar, empresa estadual de
saneamento.
Na segunda carta, de 11 de abril,
ela diz que o banco estava ""muito
satisfeito" com o CVC Opportunity e que o parceiro brasileiro vinha trabalhando para proteger os
investimentos feitos num ""ambiente complexo (...) onde nossos
interesses têm sido desafiado por
outros acionistas".
Diz ainda que o Citigroup possuía um relacionamento direto
com Dantas, que ""definitivamente" queria manter e que acreditava ""fortemente"" que a gerência do
banqueiro era central na proteção
do patrimônio investido pelo Citi,
de cerca de US$ 700 milhões.
O Opportunity entregou um total de cinco cartas que a ex-diretora do Citi enviou a autoridades
brasileiras. Duas foram dirigidas
aos então ministros do Desenvolvimento Alcides Tápias e Sérgio
Amaral, em períodos diferentes
no governo Fernando Henrique
Cardoso. Além das duas dirigidas
a Palocci, há uma outra enviada
ao ex-presidente do Banco do
Brasil Cássio Casseb, no dia 19 de
maio de 2003.
Na carta dirigida a Alcides Tápias, em 4 de setembro de 2000, a
ex-diretora do Citi diz que a instituição fez parceria com o Opportunity porque a legislação bancária americana a impedia de controlar companhias fora dos EUA.
Com base nessa mesma carta, a
Telemig Celular (que é um dos alvos da disputa entre Opportunity,
Citi e fundos de brasileiros) entrou ontem à noite com uma representação na Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações)
pedindo que reconsidere a autorização dada ao Citi para destituição do Opportunity do papel de
gestor do fundo CVC.
A Folha não conseguiu ouvir a
Anatel ontem à noite sobre a representação da Telemig Celular.
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