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Lula receberá de Jaques Wagner, na próxima quinta, sugestão de ampliação; maioria do governo seria preservada
Conselhão quer até nove membros no CMN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, presidido
pelo ministro Jaques Wagner, vai
sugerir oficialmente ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva na quinta-feira da semana que vem a ampliação do número de membros
do CMN (Conselho Monetário
Nacional).
A sugestão prevê composição
de até nove membros, assegurada
a maioria do governo. A idéia
agrada a Lula, que, se endossá-la,
poderia implementá-la por medida provisória.
Atualmente, o CMN é formado
por três membros: o presidente
do Banco Central, Henrique Meirelles, e os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento).
"Foi feita uma discussão madura no conselho, com representantes de todos os setores da sociedade. Caberá ao presidente decidir",
diz o ministro Wagner.
Em setembro do ano passado, o
próprio Lula deu o pontapé inicial
na discussão sobre ampliação do
CMN em conversas com o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo),
Paulo Skaf, e Luiz Marinho, presidente da CUT (Central Única dos
Trabalhadores). Lula disse a eles
que gostaria de incluir o setor
produtivo no órgão.
Na época, Palocci reagiu negativamente, mas, logo depois, a sugestão de ampliar o CMN foi feita
ao Conselhão, que criou um grupo de trabalho para chegar à fórmula que será apresentada ao
presidente.
É o que ocorrerá na reunião da
manhã da próxima quinta-feira,
dia em que Lula jantará com os 90
membros do Conselhão na Granja do Torto.
Ao sugerir que o governo mantenha sua maioria no CMN, o
Conselhão tenta amenizar a resistência de Palocci, que hoje tem
controle total do órgão. O governo, por exemplo, pode não querer
ampliar de três para nove os
membros, mas pode incluir mais
dois ou mais quatro. Sempre resguardando a maioria do Poder
Executivo.
A sugestão de ampliação do
CMN não determina especificamente que os eventuais novos
membros sejam representantes
de trabalhadores e do empresariado. Fala em membros da "sociedade civil", o que abre a possibilidade de indicação de um economista de peso de fora do governo, por exemplo.
Também não define os detalhes
do cargo dos novos membros, se
receberão salário e se submeterão
a quarentena em caso de saída.
Órgão muito poderoso, o CMN
debate informações que, se vazadas por membros de fora do governo, teriam impacto no mercado financeiro e nos negócios. Esse
é um argumento que Palocci
apresenta para resistir à entrada
de quem não tem cargo no Executivo federal. "Ao serem escolhidas, as pessoas precisarão ter a dimensão de suas responsabilidades", diz Wagner.
O CMN define as diretrizes da
política monetária e do sistema financeiro nacional. Exemplo: fixa
a meta de inflação, cujo parâmetro é o IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo). Essa meta é
perseguida pelo Banco Central.
Criado junto com o BC em 1964,
o CMN obteve o atual formato a
partir de 1º de julho de 1994, na
MP (medida provisória) de implantação do real como moeda
pelo então presidente Itamar
Franco. Antes dessa data, era
composto por 20 membros, de
acordo com a lei 8.646, e tinha representantes da sociedade.
(KENNEDY ALENCAR)
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