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Acordo com Receita para encaminhar sugestões é inócuo, dizem tributaristas
DA REPORTAGEM LOCAL
O convênio entre a Receita
Federal e o Instituto Procomex
é considerado inócuo, oficializa
e explicita o "lobby" no Brasil,
mas aparentemente não é ilegal, na opinião de especialistas
tributários e advogados.
Para Everardo Maciel, que
foi secretário da Receita Federal e hoje é consultor tributário,
o convênio firmado entre o órgão e o instituto é inócuo.
"Acho até um ato de natureza
política desnecessário. A Receita pode receber sugestões de
qualquer pessoa, entidade. Está
sempre aberta para isso. Não é
preciso ter convênio."
Na opinião de ex-dirigentes
de alto escalão da Receita, que
preferem não ter seus nomes
divulgados, o texto do convênio
é "genérico demais" e pode facilitar o acesso a informações
do órgão consideradas "estratégicas" -como as relativas à
velocidade dos transportes
aduaneiros, que podem acabar
favorecendo grupos que atuam
nesse segmento.
Para o advogado Antonio
Carlos Rodrigues do Amaral,
presidente da Comissão de Direito Constitucional da OAB-SP, a existência do convênio é
desnecessária especificamente
para as atividades listadas no
acordo. No entanto, ele ressalta
que a Receita deveria ampliar o
número de convênios realizados com outras instituições.
"Já que a Receita optou por firmar convênio com uma determinada entidade, o que me parece adequado, até para a transparência da formulação de políticas públicas, é que se estabeleçam convênios também com
outras entidades", diz Rodrigues do Amaral, que já presidiu
a Comissão de Comércio Exterior e Relações Internacionais
da Receita Federal.
Ao estabelecer mais convênios, a Receita também obedeceria aos critérios constitucionais de impessoalidade, transparência e de conceder publicidade a seus atos presentes no
artigo 37 da Constituição Federal, como afirmam os advogados consultados.
Lobby
"É positivo ainda que o convênio deixe transparente o fato
de existir uma entidade que representa determinados interesses e que estará ativamente
atuando no governo. É a velha
discussão da regulamentação
do lobby no Brasil", afirma Rodrigues do Amaral.
Para Paulo Viceconti, professor da FGV e ex- funcionário da
Receita Federal durante 28
anos, o convênio é positivo porque permite às empresas e entidades oferecerem sugestões
para "desburocratizar de forma
transparente" a área aduaneira.
(CR e FF)
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