São Paulo, Quinta-feira, 13 de Maio de 1999
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POLÍTICA MONETÁRIA
Governo dá mais velocidade ao ritmo de queda e reduz taxa Selic três dias depois da última mudança
BC corta taxa de juros para 27% ao ano

da Sucursal de Brasília

O Banco Central anunciou que reduzirá hoje os juros básicos da economia, de 29,5% para 27% anuais. Pela primeira vez, a taxa ficará abaixo dos juros vigentes antes da desvalorização do real, ocorrida em janeiro.
Foi a sexta redução dos juros básicos desde a crise cambial, quando a taxa Selic (média dos juros cobrados em empréstimos de um dia vinculados a títulos públicos) oscilava em torno de 29% anuais.
O diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, disse que três motivos justificam a queda: a inflação sob controle, a retomada do fluxo de capitais estrangeiros para o Brasil e o desempenho fiscal mais favorável que as metas do acordo com o FMI.
O presidente do BC, Armínio Fraga, reduziu os juros básicos utilizando o "viés de baixa" -mecanismo que lhe confere poderes para baixar a taxa, a seu critério, sem esperar pelas reuniões ordinárias do Copom (Comitê de Política Monetária do BC).
A próxima reunião do comitê ocorre na semana que vem (dia 19 deste mês). A expectativa do mercado financeiro é que a taxa caia novamente nessa reunião para algo em torno de 25% anuais.
O BC influencia os juros de toda a economia fixando metas para a Selic. Essa taxa é usada em operações envolvendo o BC e bancos.
A partir da Selic, os bancos definem a taxa que vão pagar para seus clientes em suas captações e os juros que cobrarão nos empréstimos a pessoas e empresas.
Com a redução de ontem, a tendência é que os bancos reduzam a remuneração das aplicações de seus clientes. Os juros cobrados em empréstimos pessoais, cartões de crédito e cheques especiais também tendem a diminuir.
O BC havia reduzido os juros há três dias. Na segunda-feira passou a vigorar a taxa anual de 29,5%, contra 32% até sexta-feira.
Figueiredo disse que o governo recebeu boas notícias da área fiscal. "Temos dados preliminares que indicam que o resultado fiscal no primeiro trimestre é bastante melhor que a meta (acertada) com o FMI", disse.
Ele não revelou quais são esses números. O acordo com o FMI impõe uma meta de R$ 6 bilhões para o superávit primário do setor público (o quanto União, Estados, municípios e empresas estatais economizam para pagar dívidas).
Apesar da queda, os juros continuam maiores que do que antes da crise russa -no início de setembro de 98, chegaram a 19% anuais.


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