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São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2003

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AERONÁUTICA

Banco iniciou conversas com o grupo GE, que resiste ao projeto; objetivo é reduzir importações da Embraer

BNDES quer fábrica de turbinas de aviões

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) iniciou contatos preliminares para convencer o grupo norte-americano GE (General Electric) a construir uma fábrica de turbinas no Brasil. Ou ao menos um grande centro tecnológico desses equipamentos.
O objetivo é reduzir os gastos de importação da indústria de aviões Embraer. A Folha apurou ontem que três contatos já foram realizados entre o BNDES e a GE para tratar do negócio. Segundo o banco, são conversas sobre o assunto.
A GE afirmou que sabe da preocupação do BNDES em diminuir o conteúdo importado dos aviões da Embraer, que hoje é de cerca de 50%. Disse ser uma grande fornecedora de turbinas para a Embraer, mas declarou não estar interessada na construção de uma fábrica de turbinas aqui.
O BNDES pode tentar, porém, convencer a GE a instalar um centro de manutenção de turbinas em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo, município onde a Embraer possui um centro de desenvolvimento de aeronaves.
Essa unidade da GE seria responsável não só pela instalação e checagem das turbinas dos aviões da Embraer, mas poderia atender também várias companhias aéreas do Mercosul.
A subsidiária da GE que fabrica turbinas é a GE Aircraft Engines. No Brasil, ela já possui uma unidade de manutenção em Petrópolis (RJ), denominada GE Celma. Atende empresas aéreas brasileiras. Um especialista em aviação declarou à Folha, no entanto, que a GE Celma trabalha hoje a plena capacidade. Haveria filas de turbinas para serem atendidas. Um centro tecnológico em Gavião Peixoto resolveria o problema.

Alternativa
Caso o BNDES não consiga convencer a GE a trazer uma unidade de turbinas ao Brasil, pode trabalhar o assunto com seus concorrentes, como a Rolls-Royce.
Uma fábrica ou um centro tecnológico de turbinas atenderia os planos da Embraer de diminuir seus gastos com importação. O saldo positivo das exportações da empresa tem caído neste ano. De janeiro a abril, foi de US$ 107 milhões, contra US$ 331 milhões do mesmo período de 2002.
A Embraer conseguiu em 2003 atrair o grupo japonês Kawasaki para o Brasil. Ele construiu sua primeira fábrica de asas para aviões fora do Japão. A unidade foi inaugurada oficialmente no dia 24 de abril deste ano.
"Começaremos a produção das asas em julho", disse à Folha o diretor industrial da Kawasaki Aeronáutica do Brasil, Mitsuo Ebina.
No início, os componentes para as asas, destinadas ao modelos Embraer-190 e Embraer-195, serão importados.
"Aos poucos, vamos nacionalizar nossa produção", disse Ebina.
A fábrica da Kawasaki exigiu investimentos de R$ 20 milhões, bancados pelo grupo japonês. Outros R$ 10 milhões devem ser injetados na unidade em 2004.


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