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Indústria vê timidez e cobra corte de imposto
DA REDAÇÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os setores atingidos pelas
medidas anunciadas ontem
saudaram a intenção do governo de compensá-los pela perda
de competitividade nos últimos
anos, mas alertaram de que só
elas não resolvem o problema.
Cobram ainda maior desoneração da produção e do trabalho.
"Se eu disser que as medidas
não trarão benefícios, é mentira. Mas elas ainda vêm em doses homeopáticas. Está muito
claro que, se o governo não realizar as reformas tributária, fiscal e trabalhista, se não reduzir
a carga [tributária], não vai resolver o problema da competitividade", disse Elcio Jacometti, presidente da Abicalçados
(Associação Brasileira das Indústrias de Calçados).
"É um "pacote" em que preponderam medidas de financiamento, não as de redução de
custos correntes de produção,
como seria a prometida desoneração da folha de pagamentos", avaliou o Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial). "Essa falta
desbalanceou o conjunto de
medidas, prejudicando o objetivo anunciado de salvaguardar
o emprego", completou a nota.
O presidente da CUT, Artur
Henrique, pediu que financiamentos com verba pública incluam "cláusulas sociais que
condicionem as empresas a
manter e gerar empregos com
carteira assinada".
Para Rafael Cervone, da Abit
(Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção),
"são medidas positivas, mas
não devem trazer de volta os investimentos, que vão para países com melhores condições".
Cervone ainda ressalva que,
no caso das linhas de crédito,
elas não devem beneficiar as
pequenas e médias empresas
do setor, que não conseguem
atender às exigências dos bancos para empréstimos.
A decisão de estender a isenção de PIS e Cofins na aquisição
de insumos e bens de capital
para empresas que vendem ao
exterior mais de 60% de sua
produção -o limite que vigora
é de 80%- também deve ser
ineficiente para o setor têxtil.
"Com esse câmbio, quem do
setor exporta mais de 60% da
produção? O limite deveria ser
de 10% a 15%", diz Cervone.
Ele reclamou ainda que a decisão de elevar de 20% para
35% a tarifa de importação de
calçados e têxteis, anunciada
pelo governo em abril, ainda
não entrou em vigor. "A questão nem entrou na pauta da última reunião de ministros da
Fazenda dos países do Mercosul [no fim de maio], que precisam aprovar a alteração."
A Fiesp (federação das indústrias de São Paulo), por sua vez,
pediu que as medidas sejam estendidas a mais setores. "É conversa mole dizer que são só esses setores os afetados pelo
câmbio valorizado. A direção
está correta, mas ainda é insuficiente", afirmou Cláudio Cavalcanti, diretor de relações internacionais e comércio exterior.
O presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria
Elétrica e Eletrônica), Humberto Barbato, foi mais incisivo.
"São medidas tímidas e paliativas. Por que o governo não taxa
o capital especulativo, algo que
teria reflexos mais imediatos
na taxa de câmbio?", disse.
Já o presidente da Abimóvel
(dos fabricantes do setor moveleiro) , José Luiz Fernandez,
elogiou o financiamento para
capital de giro. "São taxas muito competitivas. Agora, tão importante quanto a queda do dólar é o aumento das matérias-primas. Vamos tentar desoneração para importá-los."
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