São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2007

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Indústria vê timidez e cobra corte de imposto

DA REDAÇÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os setores atingidos pelas medidas anunciadas ontem saudaram a intenção do governo de compensá-los pela perda de competitividade nos últimos anos, mas alertaram de que só elas não resolvem o problema. Cobram ainda maior desoneração da produção e do trabalho.
"Se eu disser que as medidas não trarão benefícios, é mentira. Mas elas ainda vêm em doses homeopáticas. Está muito claro que, se o governo não realizar as reformas tributária, fiscal e trabalhista, se não reduzir a carga [tributária], não vai resolver o problema da competitividade", disse Elcio Jacometti, presidente da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados).
"É um "pacote" em que preponderam medidas de financiamento, não as de redução de custos correntes de produção, como seria a prometida desoneração da folha de pagamentos", avaliou o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). "Essa falta desbalanceou o conjunto de medidas, prejudicando o objetivo anunciado de salvaguardar o emprego", completou a nota.
O presidente da CUT, Artur Henrique, pediu que financiamentos com verba pública incluam "cláusulas sociais que condicionem as empresas a manter e gerar empregos com carteira assinada".
Para Rafael Cervone, da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), "são medidas positivas, mas não devem trazer de volta os investimentos, que vão para países com melhores condições".
Cervone ainda ressalva que, no caso das linhas de crédito, elas não devem beneficiar as pequenas e médias empresas do setor, que não conseguem atender às exigências dos bancos para empréstimos.
A decisão de estender a isenção de PIS e Cofins na aquisição de insumos e bens de capital para empresas que vendem ao exterior mais de 60% de sua produção -o limite que vigora é de 80%- também deve ser ineficiente para o setor têxtil.
"Com esse câmbio, quem do setor exporta mais de 60% da produção? O limite deveria ser de 10% a 15%", diz Cervone.
Ele reclamou ainda que a decisão de elevar de 20% para 35% a tarifa de importação de calçados e têxteis, anunciada pelo governo em abril, ainda não entrou em vigor. "A questão nem entrou na pauta da última reunião de ministros da Fazenda dos países do Mercosul [no fim de maio], que precisam aprovar a alteração."
A Fiesp (federação das indústrias de São Paulo), por sua vez, pediu que as medidas sejam estendidas a mais setores. "É conversa mole dizer que são só esses setores os afetados pelo câmbio valorizado. A direção está correta, mas ainda é insuficiente", afirmou Cláudio Cavalcanti, diretor de relações internacionais e comércio exterior.
O presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), Humberto Barbato, foi mais incisivo. "São medidas tímidas e paliativas. Por que o governo não taxa o capital especulativo, algo que teria reflexos mais imediatos na taxa de câmbio?", disse.
Já o presidente da Abimóvel (dos fabricantes do setor moveleiro) , José Luiz Fernandez, elogiou o financiamento para capital de giro. "São taxas muito competitivas. Agora, tão importante quanto a queda do dólar é o aumento das matérias-primas. Vamos tentar desoneração para importá-los."


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