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Estatização da Varig teria sido a melhor solução, afirma juiz
DA SUCURSAL DO RIO
O juiz Luiz Roberto Ayoub,
responsável pelo processo de
recuperação judicial da Varig,
afirmou ontem em entrevista à
Folha que a melhor solução para a empresa teria sido a estatização, por meio de uma intervenção direta do governo. Segundo Ayoub, na primeira etapa do processo de recuperação
da empresa, o governo era favorável à busca de uma solução de
mercado e estava disposto a
aceitar a quebra da companhia.
"Na minha opinião, se o governo tivesse participado desde
o início, estatizando a empresa,
saneando-a, porque os maiores
credores são o próprio governo,
seria, para mim, a melhor solução", disse.
Ele relatou ter tido encontros com o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e com o
ex-ministro da Defesa Waldir
Pires em busca de uma solução
"menos traumática" para a
companhia. O juiz disse não ter
"qualificação técnica" para julgar se o governo estava certo ou
errado, mas mencionou que o
próprio governo mudou de opinião e passou a ser favorável à
manutenção das operações da
empresa.
Durante um seminário na
Confederação Nacional do Comércio, ocorrido no dia 26 de
maio, em gravação à qual a Folha teve acesso, o juiz disse ter
recebido "pressões de todo tipo
de segmentos possíveis".
Empresa viável
Ayoub relatou o episódio em
que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva afirmou que o governo não colocaria dinheiro
em empresa falida e, com isso,
prejudicou as operações da Varig, com queda nas vendas de
bilhetes e no fluxo de caixa. Em
seguida, o juiz marcou uma entrevista coletiva para dizer que
a empresa era viável e que não
decretaria a falência enquanto
ela pudesse ser recuperada.
Na entrevista de ontem, disse
que não sofreu pressões e que
se referiu anteriormente à dificuldade do processo de recuperação da Varig do ponto de vista
quantitativo e qualitativo.
"Ninguém se atreve a nos pressionar porque não nos prestamos a isso", disse.
No final do seminário em
maio, o juiz se irritou com uma
pergunta de um ex-funcionário, que questionou se ele considerava a Varig uma empresa
recuperada diante do grande
número de funcionários demitidos e da crise no Aerus, o fundo de pensão dos funcionários
da Varig.
(JANAINA LAGE)
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