|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Copom quer usar dados do trabalho em projeção
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco Central quer incluir
mais informações sobre o mercado de trabalho nos modelos
usados pelo Copom (Comitê de
Política Monetária) para projetar a inflação e calibrar a taxa de
juros. O tema está sendo discutido internamente, e a avaliação dos defensores da tese é
que os dados sobre emprego
são um importante indicador
do comportamento da demanda e uma forma de medir os riscos inflacionários futuros.
Segundo a Folha apurou, a
tese vem ganhando força diante da combinação de choque
nos preços dos alimentos e das
commodities (como petróleo e
minérios) com um crescimento da massa salarial. Os dados
recentes da economia brasileira mostram que há grande correlação entre aumento da massa salarial e do consumo das famílias, elevando o PIB.
A avaliação é que o crescimento da renda abre espaço
para absorver elevações de preços, o que pode tornar a pressão inflacionária permanente e
não um fato isolado. Hoje, o
comportamento do emprego é
considerado nas análises dos
diretores do BC, mas não tem
tanta ênfase nos cálculos matemáticos da inflação.
Num cenário de forte crescimento econômico, como o
atual, o comportamento dos
salários impacta ainda mais a
inflação por aumentar o poder
de barganha dos empregados
em negociações salariais.
A possibilidade de sindicatos
fortes -como bancários e metalúrgicos, que têm dissídios
coletivos previstos para o segundo semestre- conseguirem
reajustes reais elevados já entrou no radar do BC e pode justificar um aperto maior nos juros para conter pressões nos
preços, sobretudo em 2009.
A discussão entre os diretores para explicitar a inclusão
das informações sobre o mercado de trabalho como medida
de riscos para a inflação segue
uma tendência internacional.
Por enquanto, o BC sustenta
que a alta do IPCA, índice de
referência para o governo, não
foi uma surpresa e estava nos
cálculos dos diretores do Copom. Esse foi um dos principais recados repassados, ontem, ao mercado pelo diretor
de Política Econômica, Mário
Mesquita, em reuniões com
economistas em São Paulo.
Em maio, o IPCA chegou a
0,79%, superando as expectativas de 0,65%. A discussão se o
cenário traçado na ata da última reunião do Copom, divulgada ontem, era velho dominou
boa parte das discussões.
Presente aos encontros Henrique Meirelles (BC) entrou
mudo e saiu calado. Mesquita
falou e também foi econômico,
segundo relatos ouvidos pela
Folha. Ele sinalizou que o BC já
previa a alta e que o Copom está
"seguro do ritmo" de aumento.
Mesquita disse que, para melhorar a interpretação do relatório de inflação, o BC explicitará a data de corte usada nos
cálculos e cenários avaliados.
Texto Anterior: Consumo: Inadimplência aumenta 6% de janeiro a maio, segundo Serasa Próximo Texto: Dívida externa argentina aumenta e bate em 56% do PIB nacional Índice
|