São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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Acordo cria petroquímica de US$ 9 bi

Petrobras e Unipar criam Quattor, que pleiteia 15% de redução no preço da nafta, principal insumo

Nova empresa vem para rivalizar com a gigante Braskem, que apresentou o mesmo pedido à Petrobras; grupo estuda proposta


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras e a Unipar formalizaram ontem a criação da nova petroquímica brasileira, que nasce para rivalizar com a gigante Braskem. Batizada de Quattor, a companhia terá faturamento de US$ 9 bilhões ao ano e já surge com um pleito: renegociar com a própria estatal o preço da nafta.
Segundo Vitor Mallmann, presidente da Quattor, a empresa entende que o preço do insumo poderia ser até 15% menor, já que o país está deixando a condição de importador do produto para a de exportador -especialmente após o advento das descobertas de petróleo na camada pré-sal na bacia de Santos.
"A referência atual de preço é o mercado europeu, que é importador. Mas há no Brasil uma nova dinâmica. O país passará brevemente a ser exportador. Por isso, é necessária uma nova fórmula de preço", disse.
Segundo Mallmann, a proposta será levada à Petrobras. A previsão é que a mudança poderá baratear o insumo em até US$ 100 a tonelada, cotada atualmente a pouco mais de US$ 1.000 a tonelada. "Claro que essa revisão será negociada", afirma.
A Braskem se reuniu na semana passada com a Petrobras para apresentar o mesmo pleito. A empresa alega que não tem como competir internacionalmente com o atual nível de preço da nafta.
O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que ouviu as ponderações da Braskem e solicitou a um grupo de funcionários da companhia um estudo detalhado sobre as condições de preço e mercado da nafta. Somente após a conclusão desse trabalho, diz, é que a estatal decidirá sobre a possibilidade de uma nova fórmula de preço para o derivado de petróleo.

Oferta pública
Gestada a partir da aquisição da Suzano pela Petrobras no ano passado, a nova empresa petroquímica vai agregar as antigas PQU (central de matérias primas de São Paulo, que era controlada pela Unipar), Riopol (unidade gasquímica integrada, que era compartilhada por Suzano, Unipar e Petrobras) e outras empresas menores de segunda geração -fábricas de resinas plásticas.
Com capital fechado, a Quattor terá sede no Rio de Janeiro e controle compartilhado entre Unipar (60%), empresa privada controlada pela família Geyer, e Petrobras (40%).
Serão feitas duas ofertas públicas de recompra de ações da Suzano Petroquímica (cujo controle foi comprado pela Petrobras em 2007 por R$ 2,7 bilhões) e da PQU.
Na primeira oferta, serão gastos R$ 650 milhões para recolher os papéis da Suzano a partir do dia 20 deste mês. No caso da PQU, o desembolso chegará a R$ 350 milhões.
Tanto Costa como Mallman disseram que a nova empresa será uma das investidoras da unidades de segunda geração (resinas) do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). Chamada de refinaria-petroquímica, a unidade de insumos básicos (eteno) deve ficar somente com a Petrobras. Trata-se de um investimento de US$ 8,5 bilhões.


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