São Paulo, sábado, 13 de junho de 2009

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Lucro dos bancos que atuam no país tem queda de 39%

Resultado no 1º trimestre ficou em R$ 7,5 bi, ante R$ 12,3 bi no mesmo período de 2008

Relatório do BC sobre solidez das instituições afirma, porém, que situação não preocupa e que setor está "resistente" a turbulências

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a crise, o lucro dos bancos que atuam no Brasil caiu 39% no primeiro trimestre deste ano quando comparado com os primeiros três meses de 2008, segundo levantamento feito pelo Banco Central a partir dos balanços entregues pelas instituições financeiras. No período, os ganhos acumulados pelo setor passaram de R$ 12,3 bilhões para R$ 7,5 bilhões.
Os números consideram apenas os chamados bancos comerciais, ou seja, aqueles que oferecem contas correntes a seus clientes. Se considerados apenas as chamadas financeiras independentes -que operam apenas com a concessão de empréstimos e não estão ligadas a grandes conglomerados financeiros-, a queda foi maior: no mesmo período, o lucro recuou de R$ 70 milhões para R$ 14 milhões.
Ainda assim, o BC tenta dizer que a situação não preocupa. Ontem à noite, divulgou, simultaneamente ao levantamento que mostra a queda na rentabilidade do setor, um estudo com algumas simulações que procuram mostrar que, mesmo que as turbulências enfrentadas pelo mercado se agravem num futuro próximo, o sistema financeiro como um todo tem capacidade de se manter de pé.
A análise se baseou numa simulação que mostra como os bancos reagiriam no caso de oscilações muito bruscas no câmbio, nos juros e na inadimplência. A conclusão, segundo o documento, é que as instituições "são resistentes" e que "apenas em situações extremas, superiores às variações historicamente observadas", algumas instituições ficaram "desenquadradas".
O estudo, porém, é limitado por não falar na situação individual de cada banco, mesmo que sem citar nomes, como aconteceu recentemente nos EUA. Os resultados se referem apenas à média do setor e não garantem que uma instituição isolada não possa ter problemas caso a crise se agrave.
Além disso, nem todos os parâmetros considerados pelo BC estão próximos da realidade. O estudo considera, por exemplo, que a cotação do dólar não cairia para menos de R$ 2,06, sendo que hoje a moeda dos EUA já é negociada abaixo de R$ 2.
O que os balanços dos bancos mostram é que, no primeiro trimestre do ano, as instituições sofreram muito com o aumento nos juros praticados no mercado financeiro, que levou a uma forte elevação nos seus custos de captação.
Entre janeiro e março, os bancos gastaram R$ 44,5 bilhões para captar recursos com empréstimos de curto prazo, 44% mais que no mesmo período de 2008. Como o setor não conseguiu repassar todo esse aumento de custos aos clientes, o resultado foi uma queda de 15% no lucro com operações de intermediação financeira.


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