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Lucro dos bancos que atuam no país tem queda de 39%
Resultado no 1º trimestre ficou em R$ 7,5 bi, ante R$ 12,3 bi no mesmo período de 2008
Relatório do BC sobre solidez das instituições afirma, porém, que situação não preocupa e que setor está "resistente" a turbulências
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a crise, o lucro dos bancos que atuam no Brasil caiu
39% no primeiro trimestre deste ano quando comparado com
os primeiros três meses de
2008, segundo levantamento
feito pelo Banco Central a partir dos balanços entregues pelas instituições financeiras. No
período, os ganhos acumulados
pelo setor passaram de R$ 12,3
bilhões para R$ 7,5 bilhões.
Os números consideram apenas os chamados bancos comerciais, ou seja, aqueles que
oferecem contas correntes a
seus clientes. Se considerados
apenas as chamadas financeiras independentes -que operam apenas com a concessão de
empréstimos e não estão ligadas a grandes conglomerados
financeiros-, a queda foi
maior: no mesmo período, o lucro recuou de R$ 70 milhões
para R$ 14 milhões.
Ainda assim, o BC tenta dizer
que a situação não preocupa.
Ontem à noite, divulgou, simultaneamente ao levantamento
que mostra a queda na rentabilidade do setor, um estudo com
algumas simulações que procuram mostrar que, mesmo que
as turbulências enfrentadas pelo mercado se agravem num futuro próximo, o sistema financeiro como um todo tem capacidade de se manter de pé.
A análise se baseou numa simulação que mostra como os
bancos reagiriam no caso de oscilações muito bruscas no câmbio, nos juros e na inadimplência. A conclusão, segundo o documento, é que as instituições
"são resistentes" e que "apenas
em situações extremas, superiores às variações historicamente observadas", algumas
instituições ficaram "desenquadradas".
O estudo, porém, é limitado
por não falar na situação individual de cada banco, mesmo que
sem citar nomes, como aconteceu recentemente nos EUA. Os
resultados se referem apenas à
média do setor e não garantem
que uma instituição isolada não
possa ter problemas caso a crise se agrave.
Além disso, nem todos os parâmetros considerados pelo BC
estão próximos da realidade. O
estudo considera, por exemplo,
que a cotação do dólar não cairia para menos de R$ 2,06, sendo que hoje a moeda dos EUA já
é negociada abaixo de R$ 2.
O que os balanços dos bancos
mostram é que, no primeiro trimestre do ano, as instituições
sofreram muito com o aumento nos juros praticados no mercado financeiro, que levou a
uma forte elevação nos seus
custos de captação.
Entre janeiro e março, os
bancos gastaram R$ 44,5 bilhões para captar recursos com
empréstimos de curto prazo,
44% mais que no mesmo período de 2008. Como o setor não
conseguiu repassar todo esse
aumento de custos aos clientes,
o resultado foi uma queda de
15% no lucro com operações de
intermediação financeira.
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