São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2005

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Indicador argentino empata com o do Brasil

MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES

O risco-país da Argentina quase empatou com o do Brasil ontem. Durante a tarde, o indicador, que mede a confiança dos investidores estrangeiros, chegou a 403 pontos, em um momento em que o brasileiro estava em 402 pontos. No final do dia, os riscos argentino e brasileiro estavam, respectivamente, em 406 e 401 pontos.
A queda do risco, calculado pelo banco de investimentos JP Morgan, é conseqüência da forte demanda existente hoje por papéis de alto rendimento.
Além disso, o mercado acredita que a tendência seja que o peso se aprecie em relação ao dólar, o que aumenta a procura por ativos em moeda argentina. "Os ativos argentinos continuam apresentando rendimento relativo mais alto que outros países", diz o analista de mercados emergentes do banco de investimentos Merrill Lynch, Pablo Goldberg.
Hoje, de acordo com economistas, há muito mais demanda por papéis argentinos do que oferta. Com isso, caem os juros que os investidores pagam pelos papéis e, portanto, cai o risco. As emissões de bônus argentinos que o governo vem realizando são menores do que os vencimentos da dívida.
Anteontem, o governo do país vizinho emitiu 1 bilhão de pesos (cerca de R$ 825 milhões) em títulos da dívida com vencimento em 2014. Na semana passada, a Argentina havia emitido outro 1 bilhão de pesos em bônus com vencimento em 2014.
Em meados de junho, o JP Morgan excluiu do cálculo do risco-país os títulos em "default" e incluiu novos bônus, e o indicador caiu de um patamar de cerca de 6.000 pontos para os 900 pontos.
Isso ocorreu por causa da reestruturação da dívida da Argentina. Em fevereiro, 76% de credores aceitaram trocar títulos velhos da dívida, em "default", por novos, com valor médio 70% menor.
O patamar dos riscos brasileiro e argentino está mais próximo, mesmo com a recente história de calote da Argentina, entre outros fatores, porque o país vizinho tem um perfil de dívida mais favorável do que o brasileiro: os pagamentos do Brasil estão mais concentrados no curto prazo, enquanto no caso argentino são mais de longo prazo.
Além disso, a Argentina vem mostrando bons indicadores econômicos: conseguiu reestruturar sua dívida, vem crescendo em ritmo superior ao do Brasil -no ano passado, o PIB do país vizinho subiu 9%- e teve superávit fiscal superior aos 4% em 2004.

O que é o risco
O risco-país mede o quanto a mais de juros em relação à taxa dos títulos norte-americanos os investidores querem para aceitar os papéis de determinado país. Dizer que o risco de um papel brasileiro é de 400 pontos, por exemplo, significa, na verdade, afirmar que os juros que os investidores "pedem" para aceitar tal papel são 4 pontos percentuais superiores à taxa de juros dos títulos norte-americanos, considerados os papéis de menor risco no mercado internacional.


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