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Indicador argentino empata com o do Brasil
MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES
O risco-país da Argentina quase
empatou com o do Brasil ontem.
Durante a tarde, o indicador, que
mede a confiança dos investidores estrangeiros, chegou a 403
pontos, em um momento em que
o brasileiro estava em 402 pontos.
No final do dia, os riscos argentino e brasileiro estavam, respectivamente, em 406 e 401 pontos.
A queda do risco, calculado pelo
banco de investimentos JP Morgan, é conseqüência da forte demanda existente hoje por papéis
de alto rendimento.
Além disso, o mercado acredita
que a tendência seja que o peso se
aprecie em relação ao dólar, o que
aumenta a procura por ativos em
moeda argentina. "Os ativos argentinos continuam apresentando rendimento relativo mais alto
que outros países", diz o analista
de mercados emergentes do banco de investimentos Merrill
Lynch, Pablo Goldberg.
Hoje, de acordo com economistas, há muito mais demanda por
papéis argentinos do que oferta.
Com isso, caem os juros que os investidores pagam pelos papéis e,
portanto, cai o risco. As emissões
de bônus argentinos que o governo vem realizando são menores
do que os vencimentos da dívida.
Anteontem, o governo do país
vizinho emitiu 1 bilhão de pesos
(cerca de R$ 825 milhões) em títulos da dívida com vencimento em
2014. Na semana passada, a Argentina havia emitido outro 1 bilhão de pesos em bônus com vencimento em 2014.
Em meados de junho, o JP Morgan excluiu do cálculo do risco-país os títulos em "default" e incluiu novos bônus, e o indicador
caiu de um patamar de cerca de
6.000 pontos para os 900 pontos.
Isso ocorreu por causa da reestruturação da dívida da Argentina. Em fevereiro, 76% de credores
aceitaram trocar títulos velhos da
dívida, em "default", por novos,
com valor médio 70% menor.
O patamar dos riscos brasileiro
e argentino está mais próximo,
mesmo com a recente história de
calote da Argentina, entre outros
fatores, porque o país vizinho tem
um perfil de dívida mais favorável
do que o brasileiro: os pagamentos do Brasil estão mais concentrados no curto prazo, enquanto
no caso argentino são mais de
longo prazo.
Além disso, a Argentina vem
mostrando bons indicadores econômicos: conseguiu reestruturar
sua dívida, vem crescendo em ritmo superior ao do Brasil -no
ano passado, o PIB do país vizinho subiu 9%- e teve superávit
fiscal superior aos 4% em 2004.
O que é o risco
O risco-país mede o quanto a
mais de juros em relação à taxa
dos títulos norte-americanos os
investidores querem para aceitar
os papéis de determinado país.
Dizer que o risco de um papel brasileiro é de 400 pontos, por exemplo, significa, na verdade, afirmar
que os juros que os investidores
"pedem" para aceitar tal papel são
4 pontos percentuais superiores à
taxa de juros dos títulos norte-americanos, considerados os papéis de menor risco no mercado
internacional.
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