São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2005

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EUA conseguem ampliar vagas que têm melhor remuneração

IURI DANTAS
DE WASHINGTON

Pela primeira vez desde o fim da recessão econômica de 2001, o número de empregos bem pagos da economia americana cresceu mais do que a oferta de empregos com baixos salários. Isso não significa que os empregados tenham mais dinheiro no bolso, porque, na maioria das vezes, o aumento dos salários não conseguiu bater a inflação no país.
Levantamento realizado pela Instituto de Política Econômica de Washington mostra que as indústrias de tecnologia, construção civil e serviços profissionais estão crescendo mais do que as que pagam salários baixos, como o comércio varejista.
"Essa recente mudança de tendência sugere que o mercado de trabalho está finalmente começado a aumentar os empregos de qualidade do que vinha fazendo nos últimos anos", escreveu a especialista Elise Gould, responsável pelo estudo no instituto.
A oferta de emprego nos Estados Unidos vem se recuperando nos últimos meses, ainda abaixo da expectativa do mercado. Enquanto a taxa de desemprego atingiu 5% em junho, o menor índice desde os atentados de 11 de Setembro, a previsão de 200 mil novos empregos feita por especialistas ficou longe dos 146 mil novos postos registrados na prática pelo governo.
Os números ainda sofrem revisões nos próximos meses, mas sua divulgação provoca ainda mais cautela em investidores. Ainda que o total do primeiro semestre beire o 1,1 milhão de novos postos, os números indicam desaceleração pois em abril foram cerca de 210 mil, contra uma média de 125 mil em maio e os 146 mil no mês passado.
Na avaliação de Gould, os resultados do levantamento apontando aumento na quantidade de bons salários reflete o mesmo comportamento da economia visto no período de 1996 a 2001, antes da recessão.
As indústrias que mais se expandem hoje nos Estados Unidos pagam em média 3% a mais do que as de menor expansão.

Inflação
No estudo divulgado, a especialista Elise Gould alerta que, embora a mudança seja positiva, a melhor forma de determinar o avanço no mercado de trabalho é verificar não apenas a diferença de salário de uma indústria para outra mas também o valor dos vencimentos dentro da mesma indústria. E, na prática, isso significa que muitos dos trabalhadores de uma mesma indústria continuam perdendo da inflação, a despeito do aumento nas ofertas de emprego de salários mais vantajosos.
"No ano passado, os salários geralmente perderam para a inflação. Então, enquanto a composição das contratações no mercado de trabalho tenha melhorado, muitos trabalhadores continuam ganhando menos do que no ano passado em termos reais, porque o aumento de seu salário simplesmente não consegue acertar o passo com a inflação", anotou Gould em seu estudo.


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