São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2005

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PREÇOS

Para economista, turbulência deve evitar pressão no Congresso por mais gasto e levar a maior transparência nas contas do governo

Crise política pode conter inflação, diz Fipe

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Toda crise política respinga sobre a economia e, conseqüentemente, sobre preços e inflação. A crise atual pode ter um desfecho contrário. Com a fragilidade do Congresso, o governo vai sofrer menos as pressões de gastos de deputados e senadores. "Com isso, o Palocci [Antonio Palocci Filho, ministro da Fazenda] vai liberar menos e obter um déficit primário [economia para pagar juros] até maior."
As afirmações são de Juarez Rizzieri, economista da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). O economista diz, ainda, que não se sabe onde vai desaguar essa crise, mas deve levar a uma transparência maior das contas do governo. Essa transparência pode ajustar parte do déficit fiscal. E uma economia mais ajustada vai gerar menos pressão sobre preços, na visão de Rizzieri.
Mas, independentemente da crise política, o cenário é bom para a inflação neste segundo semestre. Alimentos e vestuário vão continuar a segurar a taxa nas próximas semanas e compensar o reajuste das tarifas públicas.
Devido a esse jogo de pressão, Rizzieri prevê uma inflação próxima de zero para este mês. Com relação à estimativa para o ano, o economista brinca e diz que "pelo menos o IPC [Índice de Preços ao Consumidor] da Fipe vai cumprir a meta". Isso porque ele prevê uma taxa de inflação próxima de 5% para o ano. A meta do BC para o IPCA é de 5,1% para o ano.
Mesmo com o cenário positivo, Rizzieri destaca que dois problemas podem "tumultuar um pouco", na avaliação do mercado: um interno e outro externo.
O interno é a crise política em si. Mas Rizzieri acredita que a economia tenha blindagem suficiente para aparar a crise. Já no campo externo, o economista destaca o petróleo, produto que, se continuar na escalada de preços, vai trazer impacto para a inflação.
Os dados da primeira quadrissemana de julho -últimos 30 dias até 7 deste mês- indicaram que a deflação recuou para 0,13%, taxa inferior ao 0,20% de junho. Quedas menores nos preços dos alimentos e no setor de vestuário geraram a deflação menor. E o item habitação começa a registrar os efeitos do aumento de telefone.


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