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Senado aprova incentivo fiscal de investimento em saneamento
Empresas esperam elevar em R$ 1 bi injeções em serviços de água e esgoto
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sob forte lobby de empreiteiros liderados pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), o Senado aprovou ontem à noite projeto de lei
com o objetivo de atrair investimentos privados para serviços
de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto.
O projeto não resolve a disputa entre Estados e municípios pela exploração do saneamento, especialmente em regiões metropolitanas como São
Paulo, porque não diz a quem
cabe a titularidade dos serviço,
mas supera quase 20 anos de
tentativas fracassadas de definir um marco regulatório para
o saneamento básico.
O texto ainda precisa ser
aprovado pelo plenário da Câmara, antes de seguir para a
sanção presidencial.
"O compromisso do governo
é sério", disse o ministro Márcio Fortes (Cidades), ao reiterar o aval do presidente Lula ao
acordo selado na madrugada de
terça-feira, em reunião na Casa
Civil da Presidência da República. "Negociar é a arte de saber ceder, e todos cederam",
completou o ministro.
Pelo acordo, investimentos
feitos pelas empresas de água e
esgoto poderão ser abatidos no
pagamento de tributos federais. Nos três primeiros anos de
governo Lula, a União recebeu
com a Cofins e a contribuição
para o PIS/Pasep do setor R$
860 milhões a mais do do que
investiu em saneamento com
dinheiro dos impostos, segundo cálculo das empresas estaduais de saneamento básico.
Com o incentivo fiscal disfarçado, as empresas esperam aumentar em R$ 1 bilhão por ano
os investimentos em serviços
de água e esgoto.
FGTS
Outro dispositivo que pretende estimular os investimentos a curto prazo autoriza o
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço) a investir na
compra de cotas de fundos de
investimento em saneamento,
ações ou debêntures de empresas do setor, e não só por meio
de empréstimos, limitados por
metas fiscais do governo.
O aumento do volume de investimentos é considerado fundamental para o país cumprir
metas fixadas pela ONU e pelo
governo de ampliação das redes
de água, da coleta e do tratamento do esgoto.
Segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios) de 2004, há mais
de 25 milhões de pessoas sem
água encanada e mais de 61 milhões de pessoas sem acesso à
rede de esgoto ou fossa séptica.
O déficit se concentra na população mais pobre.
"Há um grande estímulo ao
investidor, que terá assegurada
a remuneração de seu capital",
avaliou o senador César Borges
(PFL-BA), presidente da comissão mista que debateu o assunto. "Com a aprovação do
marco regulatório, volta a confiança dos investidores", confirmou o coordenador do Comitê da Cadeia Produtiva da
Indústria da Construção, José
Carlos de Oliveira Lima.
O relator do projeto, deputado Júlio Lopes (PP-RJ), disse
que não há perspectiva de aumento da tarifa cobrada pelos
serviços. Reajustes anuais ou
eventuais revisões tarifárias terão de ser informados com antecedência aos usuários.
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