São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008

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Subir juro antes reduz ciclo de alta, afirma BC

Taxa também sobe menos com "ações preventivas"

LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Países que subiram juros antes da disparada da inflação precisaram elevar menos as taxas e ainda puderam começar a reduzir os juros mais rapidamente que aqueles que reagiram tardiamente à subida de preços. Esse recado está num estudo anexado ao relatório de inflação divulgado pelo Banco Central em abril.
Além de se defender das acusações de conservadorismo, o trabalho também dá uma pista do que os diretores pensam sobre a próxima disputa no governo: a velocidade com que a inflação deve convergir para os 4,5%, definidos como centro da meta para inflação.
Para dimensionar as vantagens do que o BC chamou na ata do Copom de abril como aumento "preventivo" das taxas de juros, o banco analisou 50 ciclos de elevações nos juros, sendo que em 22 deles os bancos centrais começaram a subir os juros antes de a inflação nos seis meses anteriores à decisão ultrapassar o centro da meta. Esses casos foram considerados como "ações preventivas".
Em outros 28 exemplos, os bancos centrais reagiram depois que a inflação média já havia se desviado do centro das metas. Foram incluídas experiências de Nova Zelândia, Chile, Israel, Suíça, Tailândia, Turquia e Guatemala, entre outros.
A conclusão a que o BC chegou é que o aumento de juros durou 17,3 meses, em média, no caso das políticas monetárias preventivas, e 21,5 meses quando os bancos centrais reagiram mais tarde. Os juros acumulados no período de aperto monetário também foram mais favoráveis aos BCs que agiram mais cedo: 68,6% contra 91,8%. Por último, a produção industrial nos casos analisados se manteve positiva quando os juros subiram mais cedo, mas registraram pequena queda nos países que demoraram mais a iniciar o ciclo de alta da taxa.
"Ciclos contracionistas preventivos são relativamente mais curtos, mais brandos, mais eficazes e menos custosos do que os reativos. [...] Ações de política monetária preventivas parecem ser mais eficazes no sentido de reduzir a inflação, bem como implicam menores custos em termos de atividade", explica o BC no relatório.
Outra observação diz respeito ao controle de pressões inflacionárias que têm origem no excesso de demanda.
Nesses casos, o documento diz que os aumentos de preços "tendem a ser mais facilmente controlados no estágio inicial, antes de contaminar as expectativas dos agentes e as decisões de preços e salários de forma persistente".
Na quinta-feira passada, o presidente do BC, Henrique Meirelles, disse que perseguirá o centro da meta de inflação (4,5%) no ano que vem. Por enquanto, com os índices de inflação apontando para o teto fixado pelo governo (6,5%), Meirelles parece ter respaldo político para implementar sua política preventiva e menos custosa.


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