São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 2009

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Estrangeiros cobram direito de minoritário e premiam transparência

Ações de empresas com alta liquidez e listadas no Novo Mercado da Bovespa são as preferidas

DA REPORTAGEM LOCAL

No radar dos estrangeiros, estão as empresas com alta liquidez e listadas no Novo Mercado, segmento da Bolsa que zela por práticas diferenciadas de governança corporativa.
Uma das poucas brasileiras com capital pulverizado (não tem a figura de um controlador), a Embraer tem fundos estrangeiros entre os minoritários com mais de 5% desde 2006, quando decidiu extinguir as ações PN (sem direito a voto) e aderir ao Novo Mercado.
Segundo o diretor financeiro da Embraer, Luiz Aguiar, a empresa passou a ter liquidez suficiente para esses fundos operarem. "Esse processo de reestruturação rumo ao Novo Mercado atraiu investidores que não olhavam para a gente", disse.
No caso da Embraer, desde setembro Barclays, Hotchkis & Wiley e Franklin Resources passaram a ter mais de 5% de participação cada um.
Para Aquico Wen, diretor da gestora Legg Mason, o Novo Mercado trouxe confiança para as empresas, mas a credibilidade foi abalada após o anúncio das fusões Gafisa/Tenda e Aracruz/VCP. Como as operações não foram caracterizadas por mudança de controlador, os minoritários ficaram sem direito a parte do prêmio de controle. "Foi um passo para trás."
Para Karina Litvack, que liderou o grupo de 11 investidores que procurou a CVM para reclamar do caso, houve uma melhora no respeito ao minoritário. "Desde o ano passado, não houve mais incidentes problemáticos. A recente fusão entre Sadia e Perdigão foi marcada por um tratamento justo às minorias. A negociação entre VCP e Aracruz também teve melhora no tratamento. No entanto, isso só veio após um período de incertezas e depois de a Aracruz revelar perdas pesadas com derivativos. O lado positivo é que isso deve levar a Aracruz ao Novo Mercado, um sinal de que a empresa quer reconstruir sua reputação com os investidores", disse Litvack.
Entre as empresas preferidas dos estrangeiros, figuram as companhias da holding EBX, do empresário Eike Batista. Segundo Andrea Pereira, diretora de Relações com Investidores da EBX, Batista "conquistou" a confiança desses investidores em janeiro de 2008, pouco depois da abertura de capital da MPX, quando os papéis recuaram mais de 20%.
Para compensar as perdas dos investidores, Batista decidiu doar à MPX participações US$ 1 bilhão em um porto e uma usina, o que recompôs o preço dos papéis e garantiu o interesse dos investidores nas aberturas de capital subsequentes do grupo.
No fim do ano, a LLX teve perda com derivativos, mas Batista emitiu debêntures sem custo para os acionistas. "Esses episódios mostraram o comprometimento que temos com o investidor." (TS e FV)


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