São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

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AGROFOLHA

AGRONEGÓCIO

Apesar de pequeno, consumo interno não é todo atendido pela produção local, o que deve fazê-la aumentar

Cresce total de criadores de ovinos no país

Matuiti Mayezo/Folha Imagem
Criação de ovelhas para abate em Porto Feliz (SP), ramo que está crescendo no país atualmente


CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Embora ainda modesta, a criação de ovinos para a produção de carnes ganha espaço entre pecuaristas brasileiros.
Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Caprinos, atualmente o Brasil possui 14 milhões de cabeças de ovinos, que correspondem a cerca de 1,4% do plantel mundial. Quando comparado aos 160 milhões de cabeças de gado existentes no país, o rebanho de ovinos é pouco expressivo. Para o pesquisador da Embrapa Eneas Reis Leite, entretanto, a criação desses animais no Brasil tende a crescer.
O motivo é simples. Apesar da média anual de consumo de carnes de ovinos e caprinos ser baixa- cerca de 1,5 quilo-, a produção interna não atende à demanda. Hoje metade do volume de carne consumido é importado, notadamente do Uruguai, da Argentina e da Nova Zelândia.
No início da década passada, o Brasil importava cerca de 2.000 toneladas de carne ovina por ano. No ano passado o volume saltou para 8.000 toneladas.

Perfil dos criadores
De acordo com dados da Aspaco (Associação Paulista de Criadores de Ovinos), nos últimos dois anos o número de associados cresceu 30%. Segundo Giancarlo Antoni, proprietário de um sítio no município de Porto Feliz (SP) e membro da Aspaco, nas regiões vizinhas à sua propriedade surgem entre dois e três novos ovinocultores por mês.
A criação de ovinos em São Paulo tem se expandido, principalmente, entre criadores que desejam investir na diversificação de atividades, mas possuem propriedades rurais de pequeno porte.
As 500 mil cabeças existentes no Estado estão pulverizadas em diversas regiões, com destaque para os municípios de Araçatuba e Botucatu.
Entre os novos criadores de São Paulo, a raça preferida de ovinos é a Santa Inês. Segundo produtores, o principal atrativo da Santa Inês é o fato de ela não possuir lã. Com isso, são economizados gastos com tosquia.
Já os criadores do sul do país continuam apostando nos ovinos lanados. A região, que já chegou a possuir cerca de 13 milhões de cabeças em meados da década de 80, conta, hoje, com 7 milhões.
O motivo para o declínio da produção foi, principalmente, os constantes furtos de gado e, em menor grau, a queda do preço da lã na última década.
Hoje, porém, segundo o superintendente de registro genealógico da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos, Francisco Pereló, com os preços favoráveis do quilo da lã fina -cerca de R$ 10- e as restrições por razões sanitárias impostas à carne de origem uruguaia, a produção no país deve aumentar. Com destaque para os Estados do Nordeste.
Para os produtores, no entanto, a desarticulação da cadeia produtiva no país é o principal empecilho ao crescimento mais rápido da atividade.
Em São Paulo, já há capacidade para a produção de quatro toneladas de carne mensalmente, mas o volume não passa de uma tonelada. Para a Aspaco, essa situação é causada pelo crescimento de abates clandestinos.


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