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ENERGIA
Queda do dólar é causa
Eletrobrás registra prejuízo de R$ 1,771 bi
DA SUCURSAL DO RIO
A valorização do real em relação ao dólar, que ajudou a estabilizar os preços na economia brasileira, foi a principal causa do prejuízo de R$ 1,771 bilhão registrado
pela estatal Eletrobrás no primeiro semestre deste ano.
Apenas no segundo trimestre
do ano (abril a junho), a holding
federal do setor de geração elétrica registrou perda de R$ 1,544 bilhão. No primeiro semestre de
2002, a Eletrobrás havia obtido lucro de R$ 649,43 milhões, sendo
R$ 350,16 milhões no segundo trimestre do ano.
Segundo nota divulgada com os
números do balanço, o problema
da Eletrobrás é que cerca da metade dos seus créditos, constituída
de financiamentos concedidos à
Itaipu Binacional, está denominada na moeda norte-americana.
Os créditos totais da empresa,
decorrentes de financiamentos,
somam R$ 40,4 bilhões, dos quais
R$ 20 bilhões com Itaipu, a serem
pagos até 2023.
A Eletrobrás é dona de 50% de
Itaipu (a outra metade pertence
ao governo do Paraguai). Isso significa que uma parte das perdas
com o financiamento em dólar ela
recupera com o correspondente
ganho obtido pela geradora binacional.
No primeiro semestre deste
ano, o dólar teve uma desvalorização de 18,72% em relação ao
real. Com isso, a Eletrobrás registrou uma perda de R$ 3,995 bilhões na conta de variação cambial. No balanço consolidado (incluindo as empresas controladas
e coligadas), as perdas cambiais
registradas foram menores (R$
3,376 bilhões).
A diferença decorre do fato de
que as controladas e as coligadas
da Eletrobrás, incluindo Itaipu,
possuem dívidas denominadas
em dólar. Com isso, elas ganham
toda vez em que a moeda norte-americana sofre desvalorização.
Tanto que as participações societárias da estatal registraram um
lucro de R$ 780 milhões no primeiro semestre deste ano, evitando que o prejuízo da holding fosse
maior.
Ganho em 2002
No primeiro semestre do ano
passado, com a valorização de
22,58% que a moeda norte-americana obteve em relação ao real, a
Eletrobrás registrou um ganho de
R$ 3,182 bilhões na conta de variação cambial.
De acordo com as explicações
da empresa, o prejuízo da Eletrobrás não tem relação com a crise
que atravessa o setor elétrico brasileiro. Segundo a Eletrobrás, as
vendas de energia das suas geradoras (Furnas, Chesf e Eletronorte, além de 50% de Itaipu) é feita
por contratos de longo prazo e a
queda da demanda não afetou esses contratos.
A estatal informou ainda que o
prejuízo do semestre não afeta
sua decisão de investir mais de R$
3 bilhões neste ano. Isso porque o
prejuízo é basicamente contábil,
registrado sobre créditos a receber. Havendo valorização do dólar, as perdas se convertem em ganho. Somente ao final do pagamento será possível saber se a indexação da dívida ao dólar deu lucro ou prejuízo.
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