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COMÉRCIO EXTERIOR
Encontro é o 2º em menos de um mês que acaba antes do previsto; negociadores crêem em acordo até outubro
Reunião UE/Mercosul termina em impasse
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Terminou em fracasso mais
uma rodada de negociações entre
o Mercosul e a União Européia
para a criação de uma área de livre
comércio entre as duas regiões.
Em menos de um mês, é o segundo encontro que termina antes do
previsto, pois um impasse impedia o andamento das conversas.
Apesar das dificuldades, os diplomatas dos dois lados dizem
ainda ser possível fechar acordo
até outubro, prazo inicialmente
acertado. Eles acreditam em conversas políticas entre os ministros
como forma de superar a crise.
"Infelizmente, chegamos ao final sem resultados concretos. É
sempre uma frustração para negociadores", disse o principal negociador da UE, Karl Falkenberg,
em entrevista em Brasília.
Pouco menos de uma hora depois, o coordenador do Mercosul
nas negociações, o brasileiro Regis Arslanian, repetia frase parecida: "Existe, evidentemente, um
sentimento de frustração".
Em meados de julho, em Bruxelas, os representantes do Mercosul se levantaram da mesa de negociação, após considerar inaceitável a proposta européia para o
setor agrícola. Os três dias de negociações em Brasília, iniciados
na terça-feira, também acabaram
antes da hora. "Nós imaginávamos ter reuniões todos os dias até
as 22h", disse Arslanian, ao comentar que o encontro acabou,
ontem, por volta das 13h.
O problema nesta semana não
foi a qualidade das ofertas de cada
lado, mas divergências de como
negociar. Os europeus e os sócios
do Mercosul afirmam que não há
como avançar, pois dizem não conhecer as concessões que o outro
está disposto a fazer.
"Eu deixei muito claro para [o
comissário de Comércio da UE]
Pascal Lamy que, se nós não fossemos ter uma oferta agrícola que
eu pudesse mensurar, nós não teríamos condições de avançar",
disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Falta de confiança
A falta de confiança é a principal
explicação para o impasse. O
Mercosul e a União Européia disputam para ver quem será o primeiro a revelar seu pacote de ofertas, pois temem não receber as
contrapartidas que esperam.
"Há algo de verdadeiro nessa
afirmação", disse Falkenberg, ao
ser questionado se faltava confiança na contrapartida do Mercosul para o pacote europeu. "Em
certa medida, houve quebra de
confiança", disse também o coordenador da Argentina nas negociações, Eduardo Sigal.
Os europeus dizem que em
duas ocasiões entregaram uma
proposta para o Mercosul e receberam de volta uma oferta que decepcionou. Agora, propuseram
que cada lado desvendasse uma a
uma as suas novas concessões.
Arslanian, por sua vez, disse que
foi o Mercosul que teve de esperar, em abril, mais de um mês para receber uma proposta agrícola
completa da UE, após ter entregue a sua na íntegra e de uma só
vez. "Não podemos correr o risco
de apresentar [nossas concessões]
no escuro. Precisamos saber o
preço que vai ser pago para nós."
A UE chegou a apresentar uma
proposta melhorada para o setor
de carnes, que foi vista como um
sinal positivo, no primeiro dia de
negociação. No dia seguinte, o
Mercosul propôs que os dois lados apresentassem de uma vez
seus pacotes. Falkenberg disse
que tinha ordem da Comissão Européia de não oferecer concessão
sem antes receber alguma coisa.
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