São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2004

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BARRIL DE PÓLVORA

Empresa afirma acumular prejuízos em razão da defasagem dos preços do petróleo no mercado interno

Refinaria Ipiranga ameaça fechar as portas

DO PAINEL S.A.

Fundada em 7 de setembro de 1937, às vésperas de completar 67 anos, a refinaria Ipiranga, a mais antiga do país, situada na pequena cidade de Rio Grande (RS), estuda a possibilidade de fechar a fábrica.
A informação foi confirmada pelo empresário Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) e um dos sócios da Ipiranga.
De acordo com Gouvêa Vieira, o problema da refinaria seria a defasagem dos preços dos combustíveis. Segundo ele, os atuais valores refletem um petróleo cru de pouco mais de US$ 30 por barril, enquanto a refinaria compra o produto pelos preços vigentes, que se encontram muito acima dos US$ 40. Ontem, o barril fechou a US$ 45,50 em Nova York. "A refinaria Ipiranga vem acumulando expressivos prejuízos."
Para contornar o problema, o empresário diz que a empresa está estudando algumas alternativas, entre as quais a de parar a fábrica. Uma outra idéia seria a refinaria mudar de perfil e fabricar produtos diferenciados.
A refinaria Ipiranga emprega atualmente 400 pessoas e é uma das maiores recolhedoras de ICMS do Estado. "Será muito dolorido termos que tomar a decisão de fechar a fábrica", diz Gouvêa Vieira.
Com 4.300 postos no país e 850 franquias (de lojas de conveniências e automotivas), a Ipiranga ocupa a segunda posição do mercado brasileiro, com uma fatia de participação de 19,2%.
No setor de refino, a Ipiranga detém uma fatia de 1% do mercado -dominado pela Petrobras, com 98%. Nessa atividade, a Ipiranga obteve um lucro líquido de R$ 22,2 milhões no primeiro semestre deste ano. No entanto, segundo a empresa, o cenário de volatilidade nos preços do petróleo no mercado internacional tem provocado uma forte defasagem nos preços dos produtos das refinarias.
Em junho, os preços da gasolina e do diesel foram reajustados em torno de 10%, mas os níveis de defasagem dos preços, de acordo com a Ipiranga, permanecem superiores a 20%.
Apesar do descompasso entre os preços internacionais e os preços domésticos, analistas de mercado avaliam que o governo tem optado por segurar os reajustes de preços dos derivados de petróleo. O argumento é que esse tipo de aumento poderia causar impacto na inflação.
A ministra de Minas de Energia, Dilma Rousseff, e o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, dizem que a decisão sobre eventuais reajustes depende da estabilização do mercado externo.
"As pressões de alta ainda dominam a perspectiva no curto prazo", diz a consultoria Global Invest sobre os rumos da cotação da commodity.
(GUILHERME BARROS)


Colaborou Cíntia Cardoso, da Reportagem Local

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