São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2005

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"RISCO-MENSALÃO"

Presidente do PT diz que a política econômica, da qual "se livrou", é exagerada e deveria começar a mudar

Meta de superávit é de 5% em 2006, diz Tarso

LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO

Na proposta orçamentária do Ministério da Fazenda para o ano que vem, a meta de superávit primário é de 5% do PIB. A informação foi dada pelo presidente do PT e ex-ministro da Educação, Tarso Genro, que criticou a manutenção da política macroeconômica, a qual chamou de "exagerada", com altas taxas de juros e metas elevadas de superávit.
"A área econômica do governo está apresentando agora -vejam bem do que eu me livrei- um Orçamento para o ano que vem propondo legalmente um superávit de 5%", disse Tarso ontem, durante entrevista a correspondentes estrangeiros no Rio.
Tarso criticou também o fato de a meta de superávit (que são as receitas menos as despesas, excluído o pagamento dos juros) estar sendo superada pelo governo. "Se eles propõem 5%, vão fazer mais de 6%." Neste ano, a meta do superávit primário é de 4,25%, mas até julho a economia do governo chegava a 6,4% do PIB.
"Eu acho, e já disse ao presidente mais de uma vez, isso exagerado", afirmou, ao alegar que o Brasil já recuperou a confiabilidade, motivo pelo qual não precisa superar as metas de superávit.
"O FMI exigia 3,75%, nós propusemos 4,25%. Por quê?", questionou, dizendo que não há explicação, que o processo é originário da "dogmática econômica", conseqüente "dessa preocupação com a estabilidade macroeconômica". Até junho, o setor público (União, Estados, municípios e estatais) economizou R$ 59,950 bilhões para pagar juros. O valor representa 6,43% do PIB.
É o maior resultado para o primeiro semestre de um ano desde que o Banco Central passou a calcular essas estatísticas com a atual metodologia, em 1991.
Tarso disse que está contrariado não com a política econômica, mas com o fato de o governo ainda não ter começado uma transição na direção de "juros mais baixos e superávit primário mais justo". Ele afirmou que a política econômica deveria ter valido durante o primeiro ano do mandato, para ser flexibilizada no segundo e criar condições para que, no terceiro, o governo pudesse recompor a infra-estrutura do país.
Tarso disse ainda que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, enviou ao PT um documento para que inicie uma discussão sobre a questão.
Ele ressaltou que tem um "profundo respeito pela equipe econômica" e que a economia brasileira é "sólida". Para Tarso, a questão não é só técnica mas também política e não deve ser tratada no âmbito de uma crise. "[Lula] não vai tomar nenhuma medida econômica, demagógica, para aparentar fazer frente à crise", disse.
As críticas de Tarso ocorrem numa semana em que a base governista mostrou fraqueza no Congresso, após a aprovação do salário mínimo de R$ 384 e uma proposta orçamentária contrárias à política econômica.


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