São Paulo, quinta-feira, 13 de agosto de 2009

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Fed prevê fim de plano de ajuda a empresas

"Economia está se levantando", diz BC americano, que quer concluir até outubro programa de compra de títulos para resgatar companhias

Tesouro usou US$ 300 bi para resgatar bancos, montadoras e outros setores; Fed mantém juro entre zero e 0,25% ao ano

Yuri Gripas - 24.jul.09/Reuters
Ben Bernanke, presidente do Fed (Federal Reserve), que deu indicação de que o pior da recessão ficou para trás e animou mercados

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O Federal Reserve (o banco central dos EUA) deu indicação ontem de acreditar que o pior desta recessão já passou para a economia norte-americana.
E comunicou que suspenderá em outubro o programa de compra de títulos do Tesouro dos EUA. Ele é que vinha financiando os resgates em série de vários setores no país.
"A economia está se levantando", afirmou o Comitê de Política Monetária do Fed (o Fomc) em comunicado dirigido ao mercado. Decidiu-se também manter entre zero e 0,25% ao ano o juro básico.
O Fed fez isso afirmando que a inflação "permanece sob controle". E que não vê a necessidade de elevar o juro.
Para os norte-americanos endividados em níveis recordes, aumento de juro significaria considerável perda de renda nesta crise. Para o Estado, mais gastos via remuneração da dívida pública, recorde no pós-Segunda Guerra.
As declarações do Fed ajudaram a impulsionar as Bolsas. O índice Dow Jones da Bolsa subiu 1,3%; o S&P 500, 1,15%; e a Bolsa eletrônica Nasdaq, 1,47%. No Brasil, a Bovespa avançou 1,48%.
Além da inexistência de pressões sobre a inflação, o Fed justificou a permanência dos juros no chão dizendo que espera uma recuperação "lenta". E com desemprego "em alta" no ano que vem.

Fed e Tesouro
O Fed pretende concluir até outubro seu programa de compra de quase US$ 300 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA.
O Tesouro usou e ainda usa esse dinheiro para resgatar bancos, montadoras e outros setores em dificuldades. O programa já dura dois anos.
Além dessas compras de títulos, o Fed garantiu outros bilhões de dólares por trás de papéis emitidos por bancos para se recapitalizar.
Os bancos emitiram esses títulos em seus nomes para levantar capital para novos empréstimos. Ou para cobrir rombos. Mas foi o Fed que deu garantia de 100% a eles, financiando, na prática, operações sem risco aos bancos para recapitalizá-los.
Além disso, o Fed vem injetando liquidez (dinheiro) e dando garantias a empresas que operam com financiamentos imobiliários. São elas que estão na raiz da atual crise financeira global.
Ontem, foi divulgado que o preço médio de residências à venda nos EUA caiu para US$ 174,1 mil (cerca de R$ 320 mil). É o menor valor desde 1979, segundo a National Association of Realtors.
As vendas totais de imóveis recuaram 2,9% em relação ao segundo trimestre de 2008. Os preços caíram 15,6% sobre um ano antes.
O governo dos EUA investe muito na área, mas o mercado não se estabilizou ainda.
Como comparação, o programa de US$ 300 bilhões do Fed para resgatar bancos e indústrias comprando títulos do Tesouro equivale a um terço dos empenhos no mercado imobiliário. O objetivo é ajudar mutuários estrangulados a reduzir o valor de prestações e evitar que acabem perdendo os imóveis. No primeiro semestre, 1,5 milhão de ações de despejo, a maioria vinda de bancos, foram ajuizadas contra mutuários em atraso.
Em informe separado, o Departamento do Comércio dos EUA anunciou ontem que o déficit comercial do país cresceu 4% em junho ante maio, para um total de US$ 27 bilhões. Exportações e importações dos EUA registraram recordes de baixa em relação a 2008.


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