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INFRA-ESTRUTURA
Projeto que cria Agência Nacional dos Transportes deve ir hoje ao Congresso; ministro mantém poder
ANT será mais enxuta que o previsto
ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
Depois de mais de dois anos de
polêmica, a ANT (Agência Nacional dos Transportes) vai nascer
bem menor do que o previsto.
Só vai ficar, praticamente, com
a frágil malha ferroviária, os portos concedidos ou arrendados à
iniciativa privada e as rodovias
concedidas ao setor privado. Essas estradas correspondem a apenas cerca de 900 dos 55 mil km da
malha rodoviária federal.
A filosofia do projeto é deixar as
áreas concedidas para a ANT,
mantendo as estatais com o Ministério dos Transportes e o seu
ministro, Eliseu Padilha, do
PMDB, que vão continuar controlando a esmagadora maioria
do setor e de suas verbas. Isso inclui os outros quase 54 mil km de
estradas, pois o programa de concessão de mais 9 mil km foi adiado pelo presidente FHC.
O projeto consolida duas categorias de estradas: uma é o "filé",
operado pela iniciativa privada e
concentrado no Centro-Sul; o outro é o "osso", que ficará sob o
controle do governo federal.
"O ministério vai continuar
com o "osso", mas esse "osso" é que
detém a maior quantidade de recursos", ressaltou o diretor técnico do Geipot (Empresa Brasileira
de Planejamento de Transportes),
Noboru Ofugi, que participou dos
estudos.
Ontem à noite, o ministro dos
Transportes tentava obter uma
nova vitória com a área econômica: que eventuais superávits
anuais da ANT não fossem transferidos para o Tesouro Nacional,
como no caso da ANP, do petróleo.
Os ministérios da Fazenda e do
Planejamento e Gestão não admitiam que os recursos ficassem na
ANT ou nos Transportes. Padilha
conseguiu apoio da Casa Civil para que o ministério possa ficar
com parte deles.
Um exemplo de superávit nesse
setor: no ano passado, o Departamento de Marinha Mercante, dos
Transportes, teve um superávit de
aproximadamente R$ 400 milhões. Essa quantia foi parar no
Tesouro.
Pelo projeto de criação da ANT,
que pode ser enviado ainda hoje
ao Congresso e ao qual a Folha teve acesso, também ficarão sob regulamentação da ANT Marinha
Mercante, transporte marítimo
interno e transporte rodoviário
interestadual e internacional de
passageiros, com cerca de 50 mil
ônibus. A ANT passará a ser responsável, por exemplo, pela sua
fiscalização.
O projeto também passa à ANT
as hidrovias sob concessão, mas
na prática isso não significa nada.
Não há nenhuma hidrovia.
A aviação civil, que é hoje controlada por um ministério militar,
o da Aeronáutica, fica efetivamente de fora do projeto e será
objetivo de uma nova agência a
ser criada.
Teme-se no governo, entretanto, que parlamentares de diferentes partidos tentem incluir também essa área na ANT, durante a
tramitação no Congresso. Trata-se de projeto de lei, que exige metade mais um dos votos na Câmara e no Senado.
O projeto da ANT acaba com os
dois órgãos mais importantes e
mais conhecidos da área de transportes no país: o DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagem) e o Geipot (Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes).
No lugar de ambos -podendo
aproveitar seus atuais cerca de
3.500 funcionários- será criado
o Dinfra (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes). Ele será o braço executivo
do Ministério dos Transportes.
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