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ENERGIA
Relatório do Ministério Público Federal acusa estatal de beneficiar empresa do grupo Votorantim em pré-venda
CBA nega privilégio em contrato com a Cesp
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O empresário Antonio Ermírio
de Moraes contestou, em carta
enviada à Folha, o relatório do
Ministério Público Federal que
acusou a estatal Cesp (Companhia Energética de São Paulo) de
ter beneficiado a CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), do
grupo Votorantim, com um contrato de pré-venda de energia, assinado em novembro de 1997.
O relatório, assinado pelo procurador da República em Bauru,
Rodrigo Valdez de Oliveira, afirma que a Cesp teria perdido R$
27,8 milhões com o contrato, entre novembro de 1998 e agosto
deste ano, em razão do desconto
de preço de 64% concedido pela
estatal à CBA.
Ermírio de Moraes afirma na
carta que a reestruturação do setor de energia permitiu à CBA
(que era cliente cativa da Eletropaulo) contratar energia da Cesp.
Como a estatal precisava concluir a quarta unidade da usina de
Três Irmãos, as duas empresas assinaram um contrato de pré-venda: a CBA repassou R$ 33 milhões
à Cesp, que, em contrapartida, garantiu-lhe a entrega futura de 147
MW no horário de ponta (de
maior consumo), pelo prazo de
sete anos.
Ermírio de Moraes contesta a
afirmação do procurador de que
teria havia desconto excessivo de
preço: ""Essa negociação foi realizada com base nas tarifas de fornecimento aplicáveis à época, segundo exata conformidade com
as normas do setor elétrico vigentes", afirmou.
Ele contesta também que a Cesp
tenha desobedecido à lei de licitações, ao assinar contrato direto
com a CBA, sem concorrência pública. Para o empresário, a pré-venda de energia não estava sujeita à lei de licitações, mas à regulamentação do extinto DNAEE
(Departamento Nacional de Água
e Energia Elétrica), que foi substituído pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Segundo
ele, o contrato foi aprovado pelo
Conselho de Administração da
Cesp e homologado pelo DNAEE.
Aumento de geração
O empresário disse que a intenção da CBA, ao assinar o contrato
com a Cesp, foi possibilitar o aumento da geração de energia na
região Sudeste, o que, segundo
ele, ""não autoriza qualquer ilação
de vantagem da CBA em detrimento de terceiros ou do Estado
de São Paulo".
O relatório do procurador Rodrigo Valdez, com o pedido de
abertura de inquérito, foi enviado, na segunda-feira desta semana, ao procurador-geral de Justiça
do Estado de São Paulo, José Geraldo Filomeno. Cópia do documento foi enviada também ao
presidente do Tribunal de Contas
do Estado, Edgard Camargo Rodrigues.
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