São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 2002

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ÁGUIA EM TRANSE

Presidente do BC dos EUA adverte que a economia será abalada se crescer o rombo nas contas públicas

Greenspan condena déficit fiscal de Bush

Manny Ceneta/France Presse
O presidente do Fed, Alan Greenspan, fala sobre a economia dos EUA em sessão da Câmara


DA REDAÇÃO

O presidente do Federal Reserve, Alan Greenspan, disse ontem que a economia norte-americana resistiu ao impacto dos atentados de 11 de setembro e ao "crash" nas Bolsas. Mas, se o governo dos EUA abandonar a disciplina fiscal e ampliar o rombo na contas públicas, a saúde econômica seria abalada, advertiu.
"O retorno a um ambiente de grandes e contínuos déficits traria o risco da volta de uma era de juros elevados, baixo nível de investimentos e menor crescimento na produtividade", afirmou Greenspan, durante sessão da Comissão de Orçamento da Câmara.
As declarações do presidente do Fed (o banco central dos EUA) causaram surpresa. No ano passado, Greenspan apoiou a redução de impostos, que beneficia sobretudo os ricos, proposta pelo presidente do país, o republicano George W. Bush. Com o projeto, aprovado pelo Congresso, o governo deixará de recolher US$ 1,35 trilhão em dez anos.
Ainda que um dos motivos para a queda na arrecadação e pela consequente erosão das contas públicas tenha sido a redução nos impostos, Greenspan disse que continua a apoiar a medida, por considerá-la um estímulo econômico importante. Mas o presidente do Fed condenou a idéia, defendida por alguns congressistas, de criar novos incentivos.
"Sei que há muita gente argumentando que precisamos de um significativo estímulo fiscal, mas o estímulo em curso já é bastante grande", disse Greenspan.
O presidente do Fed não deu pistas sobre se haverá um corte na taxa de juros na próxima reunião do conselho da instituição, no dia 24, nem fez previsões sobre o crescimento. Mas, ao responder à pergunta de um deputado, disse que as estimativas feitas em julho, de expansão entre 3,50% e 3,75% neste ano e entre 3,5% e 4% em 2003, "seriam um pouco menores", se feitas hoje.
Além da redução nos impostos, a arrecadação caiu por causa da estagnação econômica e da queda das Bolsas. Com o tombo nos preços das ações, caiu a quantia que o fisco recolhe com os ganhos dessas aplicações.
No começo do ano passado, o governo norte-americano previa alcançar superávit de US$ 5,6 trilhões no período de dez anos. As contas foram refeitas e, no mês passado, a projeção já era de saldo positivo bem menor -de US$ 336 bilhões, entre 2002 e 2011. Neste ano, os EUA fecharão com o caixa no vermelho pela primeira vez desde 1997.

Efeito guerra
Segundo o presidente do Fed, uma eventual guerra dos EUA contra o Iraque não teria efeito recessivo, a menos que o conflito se estendesse por muito tempo.
"Me surpreenderia [se houvesse uma recessão], porque não acho que o efeito do petróleo, nos níveis de hoje, seja grande o suficiente para atingir a economia, a menos que as hostilidades se prolonguem", disse Greenspan. E completou: "Se esse for o caso, então teremos problemas".

Com agências internacionais


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