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POLÍTICA ECONÔMICA
Presidente do BC diz que reuniões seguirão mensais e afirma que estuda medidas para reduzir juro bancário
Meirelles descarta mudanças no Copom
ÉRICA FRAGA
ENVIADA ESPECIAL À BASILÉIA
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, disse ontem,
na Basiléia (Suíça), que estão descartadas idéias de alterações na
agenda e no funcionamento do
Copom (Comitê de Política Monetária) que, em reuniões mensais, decide a taxa básica de juros.
Meirelles também afirmou que
considera muito elevado o
"spread" (diferença entre o custo
de captação dos bancos e a taxa
efetiva cobrada dos clientes) e disse que o BC estuda medidas para
reduzir o custo do crédito no país.
Na semana passada, vieram a
público sugestões de mudanças
no formato de encontros do Copom, substituindo as reuniões
mensais por encontros menos periódicos, feitas pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e por
Paulo Skaf, presidente eleito da
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo).
"Não temos planos de mudar a
agenda de reuniões do Copom",
afirmou Meirelles, que participa
da reunião trimestral do BIS (sigla
em inglês para Banco de Compensações Internacionais).
A indicação de Meirelles é considerada importante por analistas
do mercado que, freqüentemente,
oscila ao sabor de rumores de que
o BC seria alvo de influências políticas do governo.
A despeito do bom momento da
economia, Meirelles mostrou-se
preocupado com as altas taxas de
juros cobradas pelos bancos. O
presidente do BC afirmou que é
fundamental também que projetos já existentes, como a nova Lei
das Falências e a central de risco
de crédito, avancem o quanto antes. Disse ainda que podem ocorrer mudanças tributárias.
"Os "spreads" ainda estão muito
altos. Temos muito caminho a andar na direção da redução do
"spread'", disse Meirelles.
Segundo o presidente do BC,
tanto banqueiros de fora como integrantes das autoridades monetárias de outros países apresentaram análises de que o Brasil, pela
primeira vez em décadas, estaria
entrando em um rumo de crescimento sustentado. Apesar disso, a
comunidade internacional, representada na reunião do BIS, também demonstrou preocupações
em relação à inflação e ao rumo
dos juros no país.
Meirelles, no entanto, evitou fazer comentários sobre o assunto
devido à proximidade da reunião
do Copom que ocorre amanhã e
quarta-feira.
A preocupação de alguns economistas é que a interrupção na
queda dos juros ou uma eventual
elevação da taxa básica, hoje em
16% ao ano, possam comprometer o recente ritmo de retomada
da economia brasileira.
Mas, de acordo com Meirelles,
várias instituições estão revisando
a expectativa de crescimento do
Brasil para 2004 do atual patamar
de 4% para até 4,7%. Os bons indicadores do país apontados por
especialistas seriam, além das
boas taxas de crescimento, o acesso do Brasil aos mercados internacionais e a queda da relação entre a dívida pública e o PIB (Produto Interno Bruto). "A avaliação
é que o Brasil saiu do padrão de
crises periódicas", disse Meirelles.
Segundo ele, há um ano, havia
dúvidas sobre como o país seria
afetado pelo início da alta de juros
nos EUA e sobre o que iria acontecer com as exportações quando o
crescimento deslanchasse.
O presidente do BC comentou
ainda que o país começa a ser
classificado em outro time de países considerados mais bem sucedidos economicamente como
Chile, México e algumas nações
asiáticas, como a Coréia do Sul.
O fato de que as reservas internacionais líquidas do Brasil, hoje
em torno de US$ 27 bilhões, são
mais baixas do que a de países como México (US$ 60 bilhões), Coréia do Sul (US$ 168 bilhões) e do
que a maioria dos asiáticos não
compromete essas comparações,
segundo Meirelles.
Segundo ele, o que importa são
as reservas totais brasileiras que,
contando com os recursos do
FMI (Fundo Monetário Internacional), chegam a US$ 50 bilhões.
Petróleo
Em relação ao cenário econômico global, o petróleo continua no
centro das preocupações. Representantes dos bancos centrais não
conseguiram chegar a um consenso ontem sobre causas e possíveis efeitos dos altos preços.
A análise de que a atuação de especuladores estaria tendo forte
impacto não é conclusiva. Segundo participantes do encontro, ainda não há indicadores suficientes
do peso das ações de "hedge
funds" (fundos de investimento
especulativos) sobre as cotações.
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