|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FOLHAINVEST
MERCADO FINANCEIRO
Para economistas, aumento na Selic atrairia mais recursos externos e ajudaria a conter a inflação
Juro maior derruba o dólar, dizem analistas
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar da sinalização emitida
por ministros e membros do governo de que os juros deverão subir, o câmbio valorizado poderá
segurar e até reverter a tendência
de alta antes do final do ano, segundo analistas.
Mesmo que na quarta-feira o
Copom (Comitê de Política Monetária) aumente a taxa básica, a
Selic, o dólar em queda deverá
impedir que os juros ultrapassem
o patamar de 16,5% até o final do
ano, como projetam alguns economistas. Com o câmbio se valorizando muito e a inflação começando a desacelerar em setembro
e, possivelmente, mais ainda em
outubro, segundo economistas, a
autoridade monetária poderá
mudar o discurso atual.
No mercado futuro, porém, os
juros continuam a subir, embutindo aposta de investidores de
elevação de 0,25 a 0,50 ponto percentual na quarta-feira. Boa parte
dos analistas de bancos afirma esperar alta de juros.
Se essa perspectiva se confirmar, o Brasil deverá atrair um número crescente de investidores
estrangeiros porque já paga uma
das taxas mais altas do mundo,
16% ao ano. Segundo pesquisa da
Bloomberg em 37 países, a taxa
brasileira só perde para a da Turquia, que está em 20% ao ano.
A diferença entre os juros pagos
no Brasil com Selic a 16% e os juros no exterior é muito grande. A
média dos títulos da dívida soberana em dólar no exterior paga
8,5%. Nos títulos com prazo de
vencimento menor, pouco mais
de 2%. Vale a pena pegar empréstimo no exterior e aplicar no país.
"Se o governo aumentar os juros, melhor ainda para esse investidor externo. O câmbio vai se
apreciar de tal forma, com o aumento do fluxo de capital externo,
que talvez na próxima reunião o
BC mude de idéia e não suba mais
a Selic. Pode até vir a ter de reduzi-la ainda neste ano", afirma Paulo
Tenani, estrategista do UBS
Wealth Management.
Embora o câmbio tenha tido alta de 0,1% na sexta-feira, ao fechar
em R$ 2,903, em um movimento
atípico, segundo analistas, a moeda norte-americana que tem se
mantido em níveis baixos, pode
recuar mais e bater em R$ 2,85 em
breve.
Com juros subindo, pode chegar em R$ 2,75, segundo projeção
do UBS. A queda machuca um
pouco as exportações, ainda mais
porque em três meses, o câmbio
veio de R$ 3,17 para R$ 2,90, uma
apreciação do real de 8,5%.
Inflação
O IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo), que baliza
as decisões do Copom, registrou
inflação de 0,69% em agosto e desacelerou em comparação a julho,
quando teve alta de 0,91%.
Para os defensores da manutenção de juros, a inflação não é de
demanda. Vem do aumento de
preços de commodities no exterior e está relacionada ao bom desempenho das exportações. Além
disso, a alta não é generalizada e
os repasses não se disseminaram,
segundo afirmam.
Quem aposta na alta dos juros
entende que houve alguma deterioração nos preços de insumos
no atacado, que a utilização da capacidade instalada está elevada
em muitos setores, além de as expectativas de inflação para 12 meses continuarem acima da meta.
Texto Anterior: Lula desiste de bancar o pacto da CUT Próximo Texto: Livre comércio: UE cede à pressão e vai apresentar proposta Índice
|