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PIB cresce 5,4% no 2º tri, o melhor resultado em 3 anos
Puxada por consumo interno, indústria e investimentos, alta no semestre vai a 4,9%
Consumo das famílias sobe 5,7% no trimestre, a 15ª alta seguida, estimulado pelo crescimento da massa salarial e do crédito
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Puxado por indústria, investimentos do setor produtivo e
consumo interno, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro
cresceu 5,4% no segundo trimestre de 2007, na comparação com o mesmo período do
ano passado. Foi o melhor desempenho desde o segundo trimestre de 2004, quando houve
avanço de 7,5%.
No primeiro semestre, a economia cresceu 4,9% -taxa
mais alta desde o segundo semestre de 2004 (5,7%).
Em relação aos três primeiros meses do ano, a expansão
foi de 0,8%, segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Contando
12 meses encerrados em junho,
o Brasil cresceu 4,8%. Em
2006, o PIB aumentou 3,7%.
O mercado interno e o consumo das famílias seguem como
principais motores do crescimento, irradiando seus efeitos
sobre a indústria e os investimentos. Já o maior freio está no
setor externo, com as importações crescendo a taxas superiores às das exportações. Mas, se
seguram o PIB, as importações
ajudam a conter preços que
tendem a subir com a economia
aquecida e barateiam insumos
e máquinas para a produção.
"Houve uma importante mudança de cenário. A composição do crescimento hoje é muito mais dependente do mercado interno e do consumo do
que da balança comercial. O setor externo contribui negativamente desde o primeiro semestre de 2006. Mas a demanda interna, com investimentos e
consumo fortes, em boa parte
atendida pelos importados,
sustenta o crescimento", diz
Roberto Olinto, coordenador
de Contas Nacionais do IBGE.
Destaque da indústria
Pelo lado da oferta, o grande
destaque foi a indústria. Cresceu 6,8% na comparação com o
segundo trimestre de 2006 (no
primeiro trimestre, a alta foi de
3%). A maior decepção foi a
agricultura: só 0,2% de alta.
A indústria de transformação
(mais sofisticada) cresceu mais
(7,2%), beneficiada pelo desempenho dos setores químico,
metalúrgico, de equipamentos
e de material elétrico.
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias aumentou
5,7% (o 15º trimestre consecutivo de alta), puxado por uma
elevação de 5,2% na massa salarial e de 26,5% no saldo das
operações de empréstimos a
pessoas físicas.
Para Marcela Prada, economista da Tendências, ainda há
"fôlego" para o crédito continuar alavancando o consumo.
"As perspectivas nessa área
prosseguem bastante favoráveis", afirma.
Embora alguns economistas
comecem a alertar para os riscos inflacionários e o presidente Lula tenha demonstrado
preocupação com um eventual
"superaquecimento" da economia, os investimentos do setor
produtivo (que garantem a
oferta futura de bens e serviços) deram um salto de 13,8%
no segundo trimestre do ano
-foi o 14º aumento seguido.
Em relação ao PIB, que totalizou R$ 630,2 bilhões no segundo trimestre, a chamada
FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo, medida dos investimentos), alcançou 17,7%. Essa
é a maior taxa em relação ao
PIB para um segundo trimestre
desde que o indicador começou
a ser calculado, em 2000.
Um dos destaques dos investimentos foi a construção civil,
que representa cerca de 50% da
FBCF. O setor cresceu 6,3%,
apoiado em um aumento de
22,7% do crédito dirigido exclusivamente para a área.
Importados
As importações de bens e serviços no segundo trimestre
cresceram 18,7%, acima dos
13% de aumento das exportações -mantendo tendência
iniciada em 2006.
Para Luis Cezário, economista do banco HSBC, a questão de
um possível "superaquecimento" da economia deve merecer
maior atenção daqui em diante.
"O desempenho do PIB reforça
a avaliação de que a economia
pode começar a crescer acima
da oferta, trazendo riscos de inflação", diz Cezário, refletindo
preocupação crescente entre os
economistas.
Já o governo comemorou o
resultado do PIB. E ressaltou
que a alta dos investimentos sinalizaria crescimento sustentado.
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