São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2007

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PIB cresce 5,4% no 2º tri, o melhor resultado em 3 anos

Puxada por consumo interno, indústria e investimentos, alta no semestre vai a 4,9%

Consumo das famílias sobe 5,7% no trimestre, a 15ª alta seguida, estimulado pelo crescimento da massa salarial e do crédito

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Puxado por indústria, investimentos do setor produtivo e consumo interno, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 5,4% no segundo trimestre de 2007, na comparação com o mesmo período do ano passado. Foi o melhor desempenho desde o segundo trimestre de 2004, quando houve avanço de 7,5%.
No primeiro semestre, a economia cresceu 4,9% -taxa mais alta desde o segundo semestre de 2004 (5,7%).
Em relação aos três primeiros meses do ano, a expansão foi de 0,8%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Contando 12 meses encerrados em junho, o Brasil cresceu 4,8%. Em 2006, o PIB aumentou 3,7%.
O mercado interno e o consumo das famílias seguem como principais motores do crescimento, irradiando seus efeitos sobre a indústria e os investimentos. Já o maior freio está no setor externo, com as importações crescendo a taxas superiores às das exportações. Mas, se seguram o PIB, as importações ajudam a conter preços que tendem a subir com a economia aquecida e barateiam insumos e máquinas para a produção.
"Houve uma importante mudança de cenário. A composição do crescimento hoje é muito mais dependente do mercado interno e do consumo do que da balança comercial. O setor externo contribui negativamente desde o primeiro semestre de 2006. Mas a demanda interna, com investimentos e consumo fortes, em boa parte atendida pelos importados, sustenta o crescimento", diz Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do IBGE.

Destaque da indústria
Pelo lado da oferta, o grande destaque foi a indústria. Cresceu 6,8% na comparação com o segundo trimestre de 2006 (no primeiro trimestre, a alta foi de 3%). A maior decepção foi a agricultura: só 0,2% de alta.
A indústria de transformação (mais sofisticada) cresceu mais (7,2%), beneficiada pelo desempenho dos setores químico, metalúrgico, de equipamentos e de material elétrico.
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias aumentou 5,7% (o 15º trimestre consecutivo de alta), puxado por uma elevação de 5,2% na massa salarial e de 26,5% no saldo das operações de empréstimos a pessoas físicas.
Para Marcela Prada, economista da Tendências, ainda há "fôlego" para o crédito continuar alavancando o consumo. "As perspectivas nessa área prosseguem bastante favoráveis", afirma.
Embora alguns economistas comecem a alertar para os riscos inflacionários e o presidente Lula tenha demonstrado preocupação com um eventual "superaquecimento" da economia, os investimentos do setor produtivo (que garantem a oferta futura de bens e serviços) deram um salto de 13,8% no segundo trimestre do ano -foi o 14º aumento seguido.
Em relação ao PIB, que totalizou R$ 630,2 bilhões no segundo trimestre, a chamada FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo, medida dos investimentos), alcançou 17,7%. Essa é a maior taxa em relação ao PIB para um segundo trimestre desde que o indicador começou a ser calculado, em 2000.
Um dos destaques dos investimentos foi a construção civil, que representa cerca de 50% da FBCF. O setor cresceu 6,3%, apoiado em um aumento de 22,7% do crédito dirigido exclusivamente para a área.

Importados
As importações de bens e serviços no segundo trimestre cresceram 18,7%, acima dos 13% de aumento das exportações -mantendo tendência iniciada em 2006.
Para Luis Cezário, economista do banco HSBC, a questão de um possível "superaquecimento" da economia deve merecer maior atenção daqui em diante. "O desempenho do PIB reforça a avaliação de que a economia pode começar a crescer acima da oferta, trazendo riscos de inflação", diz Cezário, refletindo preocupação crescente entre os economistas.
Já o governo comemorou o resultado do PIB. E ressaltou que a alta dos investimentos sinalizaria crescimento sustentado.


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